Oposição vence votação para comissão de impeachment – E agora?

Mariana Schreiber, Paula Adamo Idoeta e Renata Mendonça
Da BBC Brasil em Brasília e São Paulo
Deputados celebram vitória da chapa da oposição – e derrota do governo Dilma Rousseff. Foto: AP

Em votação tumultuada na Câmara, a oposição largou na frente e venceu a primeira quebra de braço com o governo na tramitação do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

Por 272 votos a 199, os deputados decidiram nesta terça que 39 dos 65 parlamentares que irão compor a comissão especial que analisará o pedido de afastamento da presidente serão de uma chapa protocolada pelos oposicionistas.
A chapa derrotada, composta por 49 integrantes indicados pelos líderes partidários, era defendida pelo governo – os deputados indicados pelo líder do PMDB, Leonardo Picciani, por exemplo, eram todos alinhados à gestão petista, o que levou a um racha dentro do partido.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, adiou a decisão em um dia, para permitir à oposição inscrever sua chapa avulsa, e determinou que os votos fossem secretos, deixando os governistas furiosos – eles recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar anular a votação.
Algumas das cabines onde os deputados registrariam seus votos acabaram danificadas na confusão entre base aliada e oposição. Mas, mesmo com a confusão, a votação foi concluída rapidamente – as 26 cadeiras restantes do colegiado serão preenchidas nesta quarta.
A BBC Brasil conversou com parlamentares e analistas políticos para entender o impacto desse resultado. Confira:
Na prática, qual é a importância dessa vitória para a oposição?
A comissão especial será responsável por produzir o relatório final com parecer contra ou a favor ao impeachment, que será levado à apreciação do plenário da Câmara e pode influenciar o voto de muitos parlamentares.
Caso haja 342 votos pela abertura do processo, de um total de 513, a presidente será afastada temporariamente por até 180 dias, enquanto o Senado decide seu destino.
Não fosse a intervenção de Cunha e a votação desta terça, essa comissão seria, em maioria, composta por parlamentares mais alinhados ao governo.
Essa reviravolta foi comemorada por representantes da oposição, que viram o resultado como um “bom sinal” do que há por vir.
“O governo acabou. Começa agora o fim do governo Dilma”, afirmou o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, um dos maiores desafetos da presidente.
O governista Silvio Costa, que deixou o PSC, minimizou a importância dessa votação. “Isso não tem importância, porque (o processo) acaba no plenário. Não vai ter impeachment e o governo vai ter uma grande vitória”, avaliou o parlamentar.
A oposição já tem os votos suficientes para derrubar Dilma?
Embora tenha saído vitoriosa nesta terça, na prática a oposição ainda não tem todos os votos necessários para que o impeachment avance na Câmara.
Para evitar que o processo chegue ao Senado, Dilma precisará de um mínimo de 171 votos entre os deputados. Na votação desta terça, vista como uma espécie de prévia inesperada, o governo obteve 199, número que, logo, seria suficiente para barrar o afastamento.
Para o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), porém, o resultado é animador para os oposicionistas, pois mostra uma tendência de redução cada vez maior do apoio à petista.
“O governo começou o ano com 400 votos na base aliada. Numa votação dessa magnitude, após ter negociado ministérios e emendas parlamentares com todos os seus deputados, chegou a (só) 199”, afirmou. “Portanto, a chance de impeachment é cada dia maior”.
Professor do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, Ricardo Ismael concorda que o Planalto não tem motivo para ficar animado.
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