Nanotubos de carbono são aposta russa para meio ambiente

Tecnologia nacional reduz custo de produção dos nanotubos de carbono em até 100 vezes. Uso de elemento natural pode auxiliar na redução do impacto ambiental da produção e utilização de diferentes materiais, como metais e eletrônicos.

Dária Kêzina, Victória Zaviálova.

Diâmetro de nanotubo de parede única chega a até 1,5 nanômetro. Foto:Getty Images
Diâmetro de nanotubo de parede única chega a até 1,5 nanômetro. Foto:Getty Images

Uma nova tecnologia de fabricação de nanotubos de carbono, que aumenta a resistência de metais, borracha e outros elementos estruturais em 70%, promete diminuir o uso desses materiais na fabricação sobretudo de eletrônicos e ajudará a reduzir as emissões de dióxido de carbono na Rússia em 160 a 180 milhões de toneladas até 2030.

“Os nanotubos não criam apenas um efeito positivo indireto na eletrônica e indústria, levando à redução das emissões de CO2”, explica Albert Nassibulin, professor do Instituto de Ciência e Tecnologia de Skôlkovo e especialista na área dos nanomateriais. “É possível a conversão direta do CO2 em nanotubos de carbono”, acrescenta.

A expectativa é que os nanotubos, atualmente usados no revestimento de aeronaves, chips e displays finos, sejam também aplicados no futuro na produção de uma nova geração de painéis solares, assim como em dispositivos de armazenamento de energia.

“Basta adicionar pequenas quantias desse material para melhorar significativamente a resistência ao desgaste e a durabilidade de compósitos metálicos e poliméricos”, diz Nassibulin. Segundo ele, a adição de nanotubos em concentrações mínimas (menos de 1%) ao alumínio, por exemplo, permite obter um metal com a resistência do titânio.

A tecnologia já havia sido anunciada durante o discurso do presidente russo Vladímir Pútin na Conferência do Clima em Paris, em novembro passado.

Custo reduzido

Em essência, os nanotubos de carbono são compostos de grafeno (presente no grafite do lápis comum), ou uma forma cristalina de carbono, com estrutura enrolada em cilindro.

Enquanto os nanotubos de paredes múltiplas utilizados já são fabricados por empresas internacionais há algum tempo, a produção de nanotubos de parede única, que têm aplicação em eletrônicos e são, portanto, mais valorizados no mercado, era até recentemente realizada apenas por laboratórios, com custo de US$ 150 mil por quilo.

O acadêmico siberiano Mikhail Predtetchenski, que é um dos fundadores da empresa OCSiAl, foi a primeira pessoa no mundo a propor uma tecnologia que reduz o custo da produção industrial de nanotubos de parede única em até 100 vezes – US$ 3 mil/quilo.

O resultado da descoberta foi a construção, em 2013, da maior planta industrial do mundo para síntese de nanotubos de parede única, a Graphetron 1.0, em Novosibirsk, que hoje exporta para mais de 30 países, incluindo Japão, EUA, Alemanha e Israel.

“As propriedades dos nanotubos são bem conhecidas, mas muita gente ainda olha para eles como um aditivo de uso específico e limitado. Lutamos contra esse estereótipo”, disse à Gazeta Russa a diretora de marketing da OCSiAl, Ksênia Kulgaeva.

Atualmente, a empresa de Novosibirsk está planejando abrir um centro de prototipagem de tecnologias com base em nanotubos de carbono de parede única para a fabricação de borrachas, compósitos, baterias de lítio-íon e outros materiais.

Gazeta Russa

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