Brasil não vai atingir meta internacional de preservação de plantas em extinção

Um estudo da UFMG aponta que somente 26 das cerca de 1.500 espécies previstas na Convenção da Diversidade Biológica estão protegidas em bancos de sementes. Taxa deveria ser alcançada até 2020. Falta de recursos compromete a iniciativa no país, que assinou tratado com outros 200 governos para criar Arca de Noé de plantas.

Por Laura Marques

Brasília tem o maior banco de sementes da América Latina
Crédito: Embrapa/Claudio Bezerra

Apesar de ser conhecido mundialmente pela diversidade na fauna e flora, o Brasil não vai atingir uma meta internacional de preservação de plantas em extinção. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais aponta que somente 26 das cerca de 1.500 espécies estão protegidas em bancos de sementes.

Diante desse quadro, o Brasil não vai conseguir cumprir uma das metas da Convenção da Diversidade Biológica até 2020, assinada junto com outros 200 países. Perde, assim, a oportunidade de construir uma espécie de Arca de Noé de plantas e sementes que seria capaz de durar séculos.

O pesquisador da UFMG, Fernando Silveira, relata o tamanho do prejuízo:

‘No momento que você tem a necessidade de fazer uma retirada você pode pegar as sementes que foram armazenadas e utilizar para diferentes propósitos: para reconstruir ambientes que foram degradados, reconstruir populações de plantas que foram perdidas em decorrência de algum desastre. Por exemplo, enchentes, ou furacões, ou mesmo o desastre de Mariana é um grande exemplo disso.’

Cálculos da pesquisa mostram que é necessário investir ao menos R$ 10 milhões para conseguir armazenar sementes de 75% das plantas brasileiras em extinção. Mesmo assim, o objetivo só seria alcançado em 2030, dez anos depois da meta. Atualmente, bancos de sementes em cinco cidades brasileiras armazenam 26 espécies.

Para os estudiosos da universidade mineira, o ideal seria que todos os esforços estivessem concentrados em Brasília, que tem o maior banco da América Latina. A instituição, mantida pela Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, recebe R$ 480 mil por ano.

O banco tem 960 espécies, sendo cinco em extinção. O curador do banco de sementes de Brasília, Juliano Gomes, avalia que, nas condições atuais, a instituição não conseguiria contribuir mais para o cumprimento da meta.

‘A nossa equipe é super reduzida. A gente tem cinco pessoas trabalhando nesse banco para cuidar das 120 mil amostras que a gente tem de 960 espécies diferentes. O recurso que a gente tem hoje é o mínimo para manter as espécies que já estão em conservação.’

O Brasil tem outras quatro bancos de sementes: no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, Porto Alegre e Campinas; todos subaproveitados e sem infraestrutura adequada. Esse cenário foi exposto à comunidade internacional pelo estudo da UFMG, que foi publicado na revista Biodiversity and Conservation do mês de março.

O Ministério do Meio Ambiente informou que 75% das espécies ameaçadas estão contempladas por medidas de proteção, como a presença em Unidades de Conservação. Além disso, o ministério ressalta que estão previstos investimentos de US$ 19 milhões para proteger a fauna e a flora brasileiras, por meio de um financiamento de uma entidade internacional.

 

Portal CBN

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