Euclides Farias: PRESSAGIO
No silêncio do rio, maré morta, sem afronta d’água à canoa, o único som que se ouve vem do coração do pescador.
Num átimo, a linha que separa o peixe da fome se estica.
Vem um, vêm dois, vêm três.
O olhar se ilumina. As crianças em casa esperam.
Lá longe, o sino dobra na hora do anjo.
O coração, saciado, salta mais que os peixes em agonia.
Mas o cardume não se afasta.
Vêm quatro, vêm cinco, vêm seis.
No cabalístico sétimo, a linha se parte.
O mau presságio e o vento forte que agora sopra enchendo a vela devolvem ligeiro o nativo ao estado bruto da preservação.