Thor volta em filme dirigido por Taika Waititi e que custou R$ 581 mi

SÃO PAULO. Tem a ver com o ator, obviamente. A série Thor, com certeza, deve muito a Chris Hemsworth, o homem que empunha o martelo dos deuses. Não apenas a ele – os dois primeiros filmes, “Thor” e “Thor, o Reino Sombrio” – são basicamente histórias de amor, nas quais o contraponto ao romance vem por meio da disputa entre os irmãos. A verdadeira química era – tinha de ser – entre Thor e Lóki, Hemsworth e Tom Hiddleston.

O terceiro filme, que agora estreia – “Thor: Ragnarok” –, é de longe o melhor. Traz o herói repaginado, e você já viu na capa que Hemsworth ostenta um corte de cabelo militar. Não é a única mudança. Já havia uma complicação familiar em “Guardiões da Galáxia 2”, um conflito entre pai e filho, mas não se compara aos estragos que Hela faz no clã dos deuses Aesir. Como Thor e Lóki, Hela é filha de Odin e ajudou o pai a conquistar o domínio da galáxia. O problema é que Odin deixou de ser um deus sanguinário e baniu a filha de seu reino.

Hela, a deusa da guerra, está de volta, e com um visual punk tão agressivo que… Espere, é Cate Blanchett, trazendo para o universo dos comics, e da Marvel, o extraordinário talento que já lhe valeu dois Oscars – melhor coadjuvante, por “O Aviador”, de Martin Scorsese, e melhor atriz, por “Blue Jasmine”, de Woody Allen. Hela desestabiliza o universo de Thor. De cara, e como se fosse nada, ela destrói o mítico martelo do herói, o que projeta o deus do trovão numa espécie de crise existencial. O impasse se agrava ainda mais quando Thor, transformado em lixo espacial pela irmã, é resgatado por uma amazona (bêbada e) renegada para virar atração na arena do Grandmaster, enfrentando… Hulk! Tudo isso já estava no trailer e, portanto, não é spoiler.

Só é preciso acrescentar que o título, “Ragnarok”, vem da mitologia – Asgard, o Valhala de Thor, Odin e Lóki, será destruído pelo fogo. É muito interessante ver como e por que a profecia se cumpre no novo filme, e o que significa a destruição do lar. Com a segunda chance, o retorno ao lar, de “…E o Vento Levou”, o épico romântico do produtor David Selznick, a “E.T.”, de Steven Spielberg, é um dos temas viscerais do cinema de Hollywood.

“Thor: Ragnarok” confronta mitologias, portanto. Na Marvel ou na DC Comics, há uma complexidade humana no universo dos super-heróis que muita gente ainda se recusa a admitir. É reducionismo considerar que filmes baseados em HQs sejam meras tolices, ou apenas invólucros para efeitos especiais. A série “Batman”, de Christopher Nolan, foi profética na abordagem de questões relativas a poder e segurança na internet. O perigo do furacão (Donald) Trump já estava lá. O “Superman” de Zack Snyder vive no centro de uma tragédia familiar. Seu primeiro filme era sobre o pai, o segundo, dividindo a cena com Batman, sobre a mãe.

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