Marven Junius Franklin: As mulheres invisíveis

“as mulheres invisíveis
descansam seus rebentos
sob lonas de casebres enviesados [sobre escorregadias palafitas]
a labutar incessantemente
nas áreas de ponte e beiras de cidades

(comerceiam chicletes e sonhos
– nos semáforos sob chuva fina –
com olhar cabisbaixo de quem teme
o olhar indiferente
da elite arrogante)

as mulheres invisíveis
jazem cálidas no hall dos hospitais públicos
sob a vista impassível do sistema público [e do olhar inerte da sociedade]

(oh! elas madrugam
a esperar quimeras de um dia melhor
vomitando suas ânsias e desgostos
em quintais fétidos das deletérias favelas (des)alumiadas)

as mulheres invisíveis:
negras, índias, mulatas, brancas, desprovidas, desassistidas, humilhadas, estupradas, abdicadas, vilipendiadas, analfabetas, desempregadas, injustiçadas, encarceradas
oh, imaginem a ironia!
elas também sentem temor, consternação, solidão… [como qualquer outra mulher do planeta!]”

Poesia MULHERES [INVISÍVEIS]¹ de Marven Junius Franklin

1. Obra registrada na BN.

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