Projetos com mandioca promoveram dia de campo no interior do Tocantins

“Pra mim, é muito importante uma parceria. Com todos (Ruraltins, Embrapa e outras mais instituições). A parceria é muito importante. E com os meus vizinhos também. Com outros produtores também. Uma parceria é ótima. Você trabalhar em comunidade. Um aprendendo com o outro, ninguém nasceu sabendo. O que é importante é buscar o conhecimento, seja com quem for”. Assim entende a importância de parcerias o produtor João Batista Alves Pereira, de Paraíso do Tocantins, na região central do estado.

Em sua propriedade, está montada uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) de um hectare com mandioca irrigada. Trabalhada pra ser uma espécie de vitrine para vizinhos e outros produtores, a área é conduzida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins). É uma das URTs que fazem parte do projeto Rede de multiplicação e transferência de manivas-semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária, o projeto Reniva, que a Embrapa e parceiros conduzem no estado.

Sob a liderança de Gustavo Campos, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas, TO), o Reniva está há dois anos envolvendo diferentes instituições que lidam com a cadeia produtiva da mandioca no Tocantins. Em rede e com cada instituição em sua linha de atuação, vêm sendo desenvolvidas diversas atividades. Entre elas, a condução de URTs, como a que está na propriedade do senhor João. Nessas unidades, a ideia é testar diferentes variedades para que se chegue a algumas mais propícias para plantio no estado. E, mesmo dentro do Tocantins, essas indicações podem variar, de acordo com a região.

Na última sexta-feira, 17 de novembro, aconteceu na área do senhor João um dia de campo sobre a cultura da mandioca irrigada. Foram palestrantes extensionistas do Ruraltins e pesquisadores da Embrapa. Entre eles, Gustavo, que aprovou o evento, do qual participaram cerca de 90 pessoas, a grande maioria produtores rurais. “Vale a pena demais pra Embrapa quando o nosso público é produtor e técnicos porque a gente tem a oportunidade de contar pra eles toda essa tecnologia que está disponível, que a Embrapa tem desenvolvido e agora transferido. No caso da mandioca, nós temos tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, como o trio da produtividade, que são tecnologias de conhecimento simples do dia-a-dia, conhecimentos aplicados que a gente chama tecnologias de processo, que vão transformar uma realidade de baixa produtividade numa realidade de melhor produtividade, até duplicar essa produtividade de raiz por hectare”, explica.

MIP – O outro palestrante da Embrapa foi Daniel Fragoso, que é da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO), mas atua no Tocantins como pesquisador do grupo de sistemas agrícolas, um dos dois que compõem a Embrapa Pesca e Aquicultura. Ele falou sobre Manejo Integrado de Pragas (MIP), estratégia considerada eficiente no controle de pragas que atacam diferentes culturas agrícolas, inclusive a mandioca. Daniel citou coisas que o produtor pode fazer para realizar o manejo integrado de pragas nessa cultura; principalmente não focar apenas no controle químico. Ao contrário, esse deve ser utilizado quando outras ferramentas de controle de pragas não surtirem efeitos práticos.

E uma dessas ferramentas é o controle biológico. Sobre ele, Daniel conta que “existe o controle biológico natural, que é esse que ocorre no campo. Então, se você entrar numa lavoura de mandioca, vai verificar a presença de centenas de espécies de insetos. Todavia, uma ou duas são pragas. Então, essas outras espécies são benéficas e muitas vezes responsáveis por manter essas espécies de pragas num nível abaixo que não venham causar danos ou prejuízos na lavoura de mandioca”.

Além do natural, há o controle biológico através de microrganismos produzidos em empresas chamadas biofábricas. “Existem já, por exemplo, os produtos biológicos, a exemplo a base de Bacillus thuringienses, inclusive com formulações já disponíveis no mercado; os baculovírus, que o produtor pode tanto fazer a catação de lagartas mortas, fazer o macerado e fazer a aplicação e também existe formulação comercial a base de baculovírus. Em caso dele optar por produtos formulados, deve optar por esses produtos a base de microrganismos de produtos biológicos”, explica Daniel.

Ruraltins – Pelo Ruraltins, falaram o agrônomo Saint Hunter Silva Maden e o técnico em agropecuária Valdinez Cabral. Este último é quem conduz a URT na propriedade que sediou o dia de campo. Sobre outros produtores da região que também podem ou passar a cultivar mandioca ou fazer isso de uma melhor maneira, ele entende que “com certeza, principalmente porque a gente já apresentou um resultado aqui bom. E agora, com a apresentação do projeto Reniva, da Embrapa, isso é muito importante porque na verdade hoje ninguém produz semente, planta rama. Os produtores estão cientes de que, pra eles alcançarem produtividade, é necessário fazer as recomendações como nós fizemos. O pessoal agora viu como deve ser a coisa certa”.

O dia de campo que aconteceu na Fazenda Santa Maria, do senhor João, foi uma das ações do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Boas Práticas Agrícolas nas Culturas de Arroz, Feijão e Mandioca. A coordenação é da Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro) em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Embrapa e Ruraltins são as instituições responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, que tem atuação em 32 URTs situadas em municípios da região Centro-Norte do Tocantins.

Clenio Araujo (6279/MG)
Embrapa Pesca e Aquicultura

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