Seminário debate saúde da população negra do Pará

Foi realizado, nesta quarta-feira (13), no auditório da Casa Civil, o segundo dia do II Seminário de Saúde da População Negra, organizado pelo Núcleo de Apoio aos Povos Indígenas, Comunidades Negras e Remanescentes de Quilombo (Nupinq) do governo do Estado, em parceria com a Casa Brasil-África da Universidade Federal do Pará (UFPA). A Sespa foi representada pela diretora de Vigilância em Saúde da Sespa, Rosiana Nobre; e pela coordenadora estadual de Nutrição, Rahilda Tuma.

A coordenadora do Nupinq, Adelina Braglia, informou que o objetivo principal do evento é fazer com que as ações isoladas de governo a favor da saúde da população negra sejam integradas e passem a configurar uma Política Pública de Apoio à Saúde da População Negra, porque existem doenças com incidências mais graves nessa população do que na população branca, como é o caso do diabetes, da hipertensão arterial e especificamente da anemia falciforme. “Sabemos que já existem ações desenvolvidas pela Sespa e Hemopa, por exemplo, que precisam ser integradas e fortalecidas”, disse Braglia.

O evento conta com a participação de representantes de órgãos governamentais e, especialmente, de lideranças quilombolas e povos de terreiro para serem ouvidos. “Queremos que essa conversa, essas experiências e essas ações isoladas sejam transformadas numa política unificada do Estado para o atendimento dessa população e avançar para uma outra questão que é o apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública para que nos municípios, os gestores municipais possam colaborar numa com a qualificação de agentes de saúde de populações quilombolas para ter essas orientações e o fortalecimento dessa política”, explicou a coordenadora do Nupinq.

A diretora de Vigilância em Saúde da Sespa, Rosiana Nobre, participou da mesa sobre Políticas Públicas para a População Negra e Remanescentes de Quilombos, juntamente com o professor Hilton Silva, da Casa Brasil África da UFPA e da gerente de Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Yá Ominisàá.

Em sua exposição, Rosiana apresentou o que é e como funciona o Sistema Único de Saúde (SUS) e sua importância para a população brasileira, por garantir acesso universal desde a Atenção Básica até a alta complexidade. Ela destacou a realização de transplantes e distribuição de medicamentos para pessoas que vivem com HIV/Aids como exemplos positivos do SUS, apesar de ainda haver necessidade de muitos avanços.

Rosiana enfatizou que além de maior financiamento para a saúde é preciso haver intersetorialidade para que as Políticas Públicas de Saúde alcancem melhores resultados. “Precisa haver diálogo tanto internamente entre as instituições que compõem o SUS como dessas instituições com outros segmentos”, afirmou a gestora da Sespa.

Ela também expressou a necessidade de as lideranças aumentarem sua participação nos Conselhos de Saúde e nas conferências para defenderem o SUS e seus direitos como usuários do Sistema.

Já a coordenadora estadual de Nutrição, Rahilda Tuma, participou da mesa sobre “Segurança Alimentar e Nutricional no Estado do Pará: percurso e avaliações”, juntamente com a nutricionista Nádia Alinne Fernandes Corrêa, do Laboratório de Estudos Bioantropológicos em Saúde e Meio Ambiente (LEBios).

Com a intenção de levar os presentes a uma reflexão, Rahilda Tuma apresentou um panorama da segurança alimentar e nutricional dos brasileiros, mostrando a mudança do perfil epidemiológico e nutricional, do comportamento e do estilo de vida da população tanto na cidade como no campo, que tem trazido prejuízos à saúde de crianças, jovens e adultos. “Consumo excessivo de alimentos industrializados, com muito açúcar e muito sódio, excesso de tecnologia e falta de atividade física contribuem para a obesidade e doenças crônicas. Vivemos num ambiente obesogênico, mais de 50% da população paraense está acima do peso”, afirmou a coordenadora de Nutrição da Sespa.

A nutricionista Nádia Fernandes apresentou legislação vigente e a trajetória da Política de Segurança Alimentar no Brasil e no Pará. Mostrou o papel das Conferências de Segurança Alimentar e Nutricional, dos Conselhos Estaduais e Municipais de Segurança Alimentar, da Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan) e falou sobre a construção do Sistema Nacional de Segurança Alimentar. “Os movimentos sociais precisam participar mais dos órgãos de controle social para que possam defender seus direitos e a construção de um Plano Estadual de Segurança Alimentar que contemple as reais necessidades da população negra”, esse foi o principal recado dado pela nutricionista às lideranças presentes.

Por Roberta Vilanova

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