Pacientes oncológicos denunciam caos na Unidade de Alta complexidade do HCAL

Em reunião de avaliação ocorrida na noite dessa terça-feira, 15, na quadra da igreja Jesus de Nazaré, representantes do Instituto do Câncer Joel Magalhães (IJOMA), conversaram com cerca de 30 pacientes oncológicos que fazem tratamento no Estado. Segundo eles, nesses 100 primeiros dias do ano de 2015 não ocorreram muitas mudanças na Unidade de Alta Complexidade (UNACON), onde são feitas as quimioterapias para o tratamento de câncer, instalada no Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima (HCAL).

O caos, ordem na desordem, continua aflorado na Saúde Pública, principalmente no que diz respeito ao tratamento de câncer no Estado do Amapá.

Problemas como falta de medicamentos, mau atendimento, elevador quebrado, falta de higiene nos banheiros, falta de leito, enfermarias com homens e mulheres e falta de água foram algumas das reclamações feitas pelos pacientes na reunião de ontem.

“Não podemos esconder a realidade. Ela tem que ser dita para que se tome uma providência. Não podemos fechar nossos olhos. Quando falamos, não inventamos nada. São relatos dos próprios pacientes que divulgamos”, disse padre Paulo Roberto, presidente do Ijoma.

Denúncias relatadas

O paciente Antônio Pereira Barroso, 52 anos, reclama da falta de medicamentos e diz que está esperando há muito tempo para fazer a quimioterapia. “Estou há dois meses sem fazer minha quimioterapia e a espera de Azilotes, um medicamento que uso para o tratamento. Eles dizem que está chegando, que posso ir ao CAF, mais, o tempo está passando e não resolveram o meu problema”.

Outro paciente, Eweton William, 19 anos, com Linfoma, também passa pela mesma situação. A mãe relata a falta do medicamento. “Estou muito preocupada com a saúde do meu filho. Ele aparentemente está bem. Mas, quem tem câncer, tem pressa. Estou aguardando a medicação Rifutimabe 650mg D1, D2, D3 e D4.

Medicamentos como Xeloda, que custa em média R$ 3 mil a caixa, e Bevacizumabe também estão em falta no centro de tratamento, como relatou a paciente Dudivana.

“Um paciente oncológico vive sua vida na maior plenitude que existe. Esperança é uma palavra muito forte no vocabulário dele. Quando o tratamento é negligenciado, isso abala fisicamente e psicologicamente o paciente, fazendo com este, muitas das vezes se entregue de vez a doença”, complementa padre Paulo.

Falta de especialistas

A falta de mais especialistas em oncologia clínica no Amapá também se torna um problema grave.

A paciente Camila Barbosa disse que certa vez precisou de atendimento à noite, e se não tivesse falado mais alto, não conseguiria, pois, o que foi informado é que o médico estava em horário de descanso. “Para minha falta de sorte, algumas vezes tenho dores fortes no horário noturno, e preciso de atendimento nesse horário. Uma vez ao chegar na UNACON, fui mau recebida e ainda disseram que o médico estava em repouso”.

Outro caso que mostra claramente esse problema é do paciente Ewerton, 19 anos, que na segunda-feira, 13, ficou mais de 5 horas esperando o médico para dar solução ao seu problema. “Como a sessão de quimioterapia de meu filho deveria ter sido no dia 25/03/2015 e por falta de medicamentos não ocorreu. Me mandaram para casa dizendo que ligariam informando quando chegasse o medicamento. Como não ligaram até hoje, resolvi dar plantão no centro até ser atendida pelo médico para ver a situação de meu filho, relatou Eliana, mãe de Ewerton.

Carta ao Secretário

Por fim, os pacientes junto com representantes do Ijoma elaboram uma carta para ser entregue ao secretário de saúde do Estado, Pedro Leite, visando que seja tomada providências com relação às denúncias feitas na reunião.

Para reforçar, todos os pacientes e participantes assinaram o documento dando maior credibilidade à carta.

Veja abaixo na íntegra a carta enviada.

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