Chico Buarque fala sobre música, família e fama em documentário

Filme do cineasta Miguel Faria Jr. chegou no dia 25 deste mês aos cinemas
Karina Maia
Chico Buarque abriu as portas de seu apartamento no Leblon para Miguel Foto: Divulgação

Rio – Chico Buarque pode até ter fama de reservado e avesso a entrevistas, mas o cineasta Miguel Faria Jr. garante que o cantor é superaberto. A conclusão veio não só dos muitos anos de amizade com o compositor, mas também do tempo que conviveu com ele para concluir o documentário ‘Chico — Artista Brasileiro’, com estreia marcada para amanhã nos cinemas. Isso porque o compositor abre as portas do apartamento, no Leblon, e fala não só da carreira artística, mas de assuntos mais íntimos, como a forma que encontrou para se aproximar do pai na juventude ou do empenho a lembrar as notas de uma música no violão para fazer um dueto com a neta.

“Ele sabia que eu não ia fazer um filme de fofocas e vida pessoal, nem uma entrevista jornalística”, defende o diretor. Mesmo assim, usando dez canções como fio condutor do filme, não havia como só se falar de música. “Queria entender o processo de ser um artista popular que atravessou tantas transformações do Brasil ao longo da carreira”, explica Miguel.
A mesma ideia já tinha sido posta em prática em 2005, com o documentário ‘Vinicius’. “Vinicius de Moraes foi um cara que nasceu em 1913 e parou de trabalhar quando o Chico estava despontando”, comenta o diretor, que emenda: “Ele fez muito sucesso, mas levou muita porrada também. Foi muito marcado e machucado”, completa, referindo-se à censura que enfrentou na ditadura.
Filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda, o compositor conta que a forma que encontrou para se aproximar do pai foi mergulhar na biblioteca que ele cultivava em casa. “Lia um livro e depois conversávamos sobre”, diz ele a Miguel no longa. Foi assim que ganhou essa definição de Tom Jobim: “O cara fala bem italiano, francês, inglês, sabe compor, cantar… Sabe tudo. Por isso, dou umas músicas a ele de vez em quando. Mas só de vez em quando, para não atrapalhar o menino”.
Aliás, o tom bem-humorado do longa não está presente só no depoimento do maestro, retirado de uma antiga entrevista. “O Chico é do tipo que vai contar uma história e, quando acha graça dela, ri tanto que mal consegue chegar ao fim”, diz Miguel. Mas para o cineasta, a parte mais marcante das filmagens foi ter acompanhado Chico em sua busca pela identidade de um irmão desconhecido na Alemanha e o registrar em sua câmera ao dizer: “Me contaram que o meu irmão gostava da versão alemã da minha música ‘A Banda’. Olha isso! Então, quer dizer que ele me conheceu de certa forma”.
Do site O Dia

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