Eucaristia: pão da unidade, alimento da missão

Dom Pedro José Conti
Dom Pedro José Conti

No domingo, 29 de maio, a Igreja Católica de Macapá estará celebrando o Congresso Eucarístico. Não cabem aqui muitas explicações. Somente lembrar o sentido das palavras. “Congresso” significa, por si mesmo, um agrupamento de pessoas interessadas sobre um determinado assunto. “Eucarístico” porque esse assunto será a Eucaristia, ou seja, aqueles sinais do Pão e do Vinho consagrados que adoramos como Corpo e Sangue do Senhor. Para os cristãos católicos foi o próprio Jesus que, na última Ceia, antes da sua paixão e morte na cruz, deixou aquele gesto com as palavras: “Isto é o meu Corpo, Este é o meu Sangue” e com a ordem de fazer aquilo em sua perpétua memória. No Novo Testamento, existem testemunhos mais do que suficientes para entender que, desd e o início, os cristãos procuraram ser fiéis ao pedido-mandamento de Jesus.

Assim, a memória dele, das palavras e dos sinais do Pão e do Vinho, atravessaram os séculos e as Missas, celebradas pelo povo católico, tornam presente e atual, para nós hoje, o evento da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, acontecido, uma vez por todas, naquele tempo em Jerusalém da Judéia. Para os cristãos católicos, através da celebração da Missa, é possível, portanto, participar daquele evento único e alimentar-se com os “sinais” escolhidos por Jesus – pão e vinho-, que, pela memória da Igreja e a ação do Espírito Santo, tornam-se realmente o Corpo e o Sangue do Senhor. O Congresso Eucarístico é, portanto, uma Missa com grande participação do povo que se conclui, festivamente, com uma prociss&atilde ;o que leva Jesus Eucaristia pelas ruas da cidade.

Acreditar na presença do Senhor Jesus vivo, através dos sinais do Pão e do Vinho consagrados, só pode ser motivo de alegria e de festa para o povo cristão. A fé sincera, a esperança da vida plena e a comunhão gerada pelo amor fraterno, somente podem aquecer os nossos corações e abrir os nossos olhos para reconhecer o Senhor Jesus não somente na Eucaristia, mas também nos pobres e nos sofredores, sempre presentes no meio de nós.

Para o evangelho da Missa do Congresso Eucarístico, escolhemos a parábola dos convidados ao banquete que, segundo Lucas, Jesus contou após escutar a exclamação de um homem que estava à mesa com ele: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!”. A parábola fala de um grande banquete e de muitos convidados. Ainda não sabemos quem são, mas logo conhecemos alguns deles, porque apresentam desculpas para não participar. Um comprou um campo, outro cinco juntas de bois e, o terceiro, acabou de se casar. O dono da casa não gosta da recusa: desejava uma festa bonita, a casa cheia, mas os convidados não quiseram vir. Ficará a casa vazia e a festa triste? Eis a surpresa da parábola. O dono envia os seus servos para chamar pessoas de antemão consideradas excluídas porque pobres, doentes e i mperfeitas. Mas ainda tem lugar. Novo envio e novo convite; desta vez para todos os que estiverem pelas ruas e pelos atalhos. Sejam obrigados a entrar! Assim, a festa para poucos privilegiados e escolhidos será, agora, a festa para todos.

Esta é uma das maravilhosas lições da Eucaristia. A convivência humana ainda não é uma festa para todos. Alguns se acham abençoados por Deus por estar na lista dos primeiros convidados e tão seguros deste privilégio que se permitem recusá-lo. No entanto, o sonho de Deus é maior do que todas as distinções e separações humanas, porque todos somos filhos amados. Muitos ainda não o sabem, mas de muitas formas e por muitos caminhos todos somos convidados ao banquete do amor de Deus. Por isso, a Missa não acaba na Igreja; continua na vida para que cada família, cada cidade, cada lugar se torne espaço de partilha, solidariedade, paz. A festa da comunhão e da misericórdia. Este é o nosso sonho e a nossa missão. Um sonho que começamos a sonhar e a constr uir, já aqui na terra, até sermos todos felizes, um dia, por comermos “o pão no Reino de Deus”. Ficará fora só quem recusar o convite a amar os seus irmãos.

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