Do Estadão: Governo do Pará ignora Funai e libera mina de ouro ao lado de Belo Monte

Projeto Volta Grande prevê a extração ao lado da barragem da usina hidrelétrica

Usina Hidrelétrica de belo Monte, no Pará. Foto: Osvaldo de Lima/Norte Energia S.A

BRASÍLIA – O governo do Pará liberou nesta quinta-feira, 2, a licença de instalação do projeto Volta Grande, que prevê a extração de ouro ao lado da barragem da hidrelétrica de Belo Monte, no município de Senador José Porfírio, no Rio Xingu. A decisão ignorou sumariamente um parecer técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai), que reprovava informações sobre estudos atrelados aos impactos às terras indígenas da região, além de ações movidas pelo Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União.

O plano do governo de liberar a licença, a despeito de todas as controvérsias que envolvem o projeto, foi revelado na semana em reportagem do ‘Estado’.

Com a licença de instalação, a canadense Belo Sun, dona do projeto polêmico, está autorizada a começar, efetivamente, a erguer toda a estrutura necessária para dar início à extração do ouro, que será liberada com a emissão da licença de operação. A emissão da licença foi celebrada pela companhia, que se adiantou em publicar a notícia, em inglês, para investidores do empreendimento. A Belo Sun é controlada pelo grupo Forbes & Manhattan, um banco de capital privado que investe em projetos de mineração mundo afora.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) declarou que, “após três anos de análises, vistorias, audiências públicas e diversos estudos”, decidiu emitir a licença para extração de ouro por “12 anos de vida útil e monitoramento de oito anos após o fechamento da mina”. A licença prévia havia sido liberada em 2014 e chegou a ser suspensa pela Justiça.

A Semas informou que “o cenário municipal apresenta baixa renda populacional, abaixo da linha da indigência, além da grande vulnerabilidade social e informalidade no mercado de trabalho, elevando a dependência em relação a programas sociais dos diferentes níveis do governo, necessitando aumento de renda e diminuição da dependência para melhor autonomia financeira”.

Nos cálculos da secretaria ambiental, “o projeto apresenta a previsão de 2.100 empregos diretos em fase de implantação e 526 na fase de operação, contando com programas de comunicação social, educação ambiental, programa de realocação, negociação e inclusão social, além da capacitação de mão de obra, com qualificação profissional de integração e inclusão de jovens e adultos, saúde e segurança, apoio à gestão pública local, monitoramento de indicadores socioeconômicos, fomento ao desenvolvimento, estudos arqueológicos e educação patrimonial”.

 

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