Chechênia é acusada de manter campo de concentração para torturar gays

Mais de cem homens já teriam sido vítimas de prisões ilegais

A polícia da Chechênia foi acusada de prender homossexuais e manter um campo de concentração secreto para torturas e assassinatos. O caso, divulgado pelo jornal russo Novaya Gazeta, repercutiu na Europa e nas redes sociais na última quarta-feira (12). Autoridades políticas e ONGs de direitos humanos estão exigindo respostas às denúncias.

De acordo com o jornal, mais de cem homens já teriam sido vítimas das prisões ilegais feitas pelos policias, somente por serem gays. O centro de detenção está localizado na cidade de Argun.

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Além disso, a publicação apontou ao menos três assassinatos no centro de detenção, mas fontes locais afirmaram que o número pode ser muito maior. ONGs locais afirmam que os homossexuais detidos, após passarem pela prisão e por torturas, são devolvidos aos familiares, que têm a obrigação de limpar a imagem dos homens perante a sociedade. Em outros casos, as famílias são obrigadas a vender apartamentos, casas e demais bens para pagar o resgate dos homens presos.

A perseguição aos gays teria começado em fevereiro no país, quando a polícia prendeu um homem que estava drogado e encontrou fotos e vídeos de relações homossexuais em seu celular.

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Testemunhas e ex-prisioneiros que escaparam relataram ao veículo russo torturas com corrente elétrica dentro do centro de detenção, além de agressões com bastões, canos de plástico e socos. Ainda segundo essas fontes, uma única cela costumava abrigar de 30 a 40 homens.

Alexander Artemyev, da Anistia Internacional na Rússia, disse ao Daily Mail que os homossexuais da região chechena são tratados com dureza e violência, portanto têm medo de falar sobre isso.
— Eles têm que se esconder ou sair da região. Estamos em contato com a rede LGBT que ajuda as pessoas na Rússia a encontrar abrigo. O problema é que as pessoas não podem falar sobre isso por medo.

Tanya Lokshina, da ONG Human Rights Watch (que luta pelos direitos humanos) de Moscou, contou ao Daily Mail que a homofobia no local é intensa.

— A população LGBT é vulnerável na Chechênia e o clima de medo está deixando as vítimas aterrorizadas para falar sobre o assunto. Esse grupo está sendo silenciado.

A denúncia gerou polêmica na Europa. O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados da Itália, Fabrizio Cicchitto, pediu que o governo italiano intervenha na situação e pressione a Rússia para interromper as práticas na Chechênia.

— Naquela região, existe um problema mais geral de liberdade que atinge também os opositores aos regimes, que são tratados de maneira desumana.

Políticos chechenos como o porta-voz do presidente Ramzan Kadyrov, Alvi Karimov, definiram a denúncia como “uma absoluta mentira” e alegaram que não há gays no país. O presidente já foi acusado em outras ocasiões de violação dos direitos humanos.

— Não é possível prender ou perseguir pessoas que simplesmente não existem na nossa república. Se existissem pessoas assim na Chechênia, as forças de ordem não teriam problema nenhum, porque seriam os próprios familiares a mandá-los para aquele lugar sem volta.

R7

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