Centro de Reabilitação de Rondônia devolve esperança e qualidade de vida aos pacientes

O Centro de Reabilitação de Rondônia (Cero) completou três anos e em pouco tempo tem transformado a vida de centenas de pacientes. De acordo com o diretor da instituição, Rodrigo Campos, em média 250 pessoas recebem atendimento no local por dia. Gente como o aposentado Antônio Carlos da Silva, 66 anos. Diagnosticado com lombalgia crônica, ele sofreu por anos com terríveis dores e conta que fisioterapia fez toda a diferença.

‘‘Trabalhei 18 anos como operador de máquinas pesadas e as máquinas de antigamente não eram como as de hoje em dia. Não tinham nem assento, era só ferro, tinha que levar uma almofada de casa para sentar em cima e não tinha nenhum tipo de apoio para as costas. E máquina soqueia muito quando passa pelas pedras e assim fui adoecendo da coluna, mas continuava trabalhando porque não me incomodava muito’’, lembra Antônio.

Quando não encontrou mais vaga para atuar como operador de máquinas, Antônio começou a trabalhar na construção civil. ‘‘Já estava doente da coluna e para trabalhar tinha que estar sempre tomando remédios para aliviar a dor. Trabalhei muitos anos assim até que não aguentei mais’’, revela. Em 2013, as dores o fizeram parar de trabalhar.

Morador do setor chacareiro de Porto Velho, ele revela que a dor era sua única companhia. ‘‘Era uma dor tão terrível na coluna que descia para a perna esquerda. Passava de dois a três dias dentro de casa sem poder me levantar da cama, nem para fazer um chá, uma comida. Cheguei a chorar muitas vezes. Quando eu tocava no chão eu não aguentava de tanta dor. Não aguentava andar, nem ficar sentado. O único jeito que aliviava a dor um pouco era deitado na cama’’, conta.

Um momento muito difícil, mas Antônio nunca perdeu a esperança de recuperar a saúde.  ‘‘Eu não me sentia derrotado porque sempre acreditei em Deus e que um dia eu ia ficar bom’’, disse. Em 2014, quando o Cero foi inaugurado, Antônio fez dez sessões de fisioterapia e já percebeu melhoras. ‘‘Durante dois anos foi bom demais, sem sentir nada. Voltei até a trabalhar. Mas o que tinha aprendido lá não praticava em casa e as dores voltaram’’, conta.

E voltaram ainda piores no início deste ano. Foram meses de dores intensas. ‘‘Tinha dia que estava andando de bicicleta pela rua e dava vontade de encostar a bicicleta em uma calçada e me deitar de tanta dor. Era tão terrível que eu não aguentava’’, recorda.

Foi aí que ele decidiu procurar novamente tratamento no Cero. ‘‘Cheguei quase chorando no Cero. Eu fiz 32 sessões e as dores sumiram. Já consigo fazer minhas coisas, inclusive já comecei a limpar minha chácara. Era um sonho ficar bom’’, diz o aposentado.

Antônio faz questão de mostrar o documento que mostra a frequência nas sessões de fisioterapia no Centro de Reabilitação e disse que os dias eram sagrados para ele, não faltava. Recentemente ele pediu para interromper o tratamento por um motivo nobre. ‘‘Sei que tem muita gente precisando receber o tratamento que recebi, quero dar oportunidade para outra pessoa’’, afirma.

Ele garante que o afastamento é só temporário. Espera daqui há cinco meses retomar, mas enquanto isso vai continuar as atividades em casa. Fez até um cantinho especial na chácara dele para fazer todas as atividades recomendadas pelos fisioterapeutas e segue direitinho as recomendações do livro que mostra exatamente como cada exercício deve ser feito.

Para o diretor do Cero, a instituição evoluiu nos últimos anos, sempre tendo profissionais comprometidos em devolver a qualidade de vida aos pacientes. O Cero é responsável pelos casos de alta complexidade em reabilitação e conta com profissionais divididos entre o setor administrativo e os serviços médicos, profissionais de alta capacidade técnica.

Conta com médicos; fisioterapeutas; terapeutas ocupacionais; fonoaudiólogas; assistentes sociais; psicólogos e até com especializações exclusivas como psicopedagoga. Além de professores e acadêmicos do curso de fisioterapia em uma parceria com faculdades.

‘‘Os profissionais são muito bons, tanto os do Cero quanto os da faculdade. São todos muito competentes. Ai de nós se não houvesse essa fisioterapia. Além disso, lá a gente faz amizade, o Cero pra mim é uma família, é vida’’, considera o aposentado.

DO ASSALTO AO TRAUMA

Ao contrário de Antônio, o problema que levou a camareira Joelma da Silva Faria, 32 anos, a precisar de atendimento no Cero foi inesperado. Era 5 de janeiro deste ano quando ela foi assaltada por um motoqueiro enquanto pilotava sua moto. Ele passou ao seu lado e puxou a bolsa. Com o impacto e o susto, Joelma perdeu a direção e subiu na calçada. O resultado foi o bloqueio do joelho esquerdo e uma série de limitações e sonhos deixados de lado.

Era preciso se recuperar, voltar a ter a flexibilidade do joelho e foi aí que entrou em cena o Cero, onde ela recebe tratamento de fisioterapia desde fevereiro. ‘‘Tenho um amigo que já conhecia o trabalho do Cero e indicou que eu procurasse tratamento aqui e realmente é um lugar onde os profissionais passam confiança de que a gente vai conseguir’’, garante Joelma.

Devido ao problema no joelho, Joelma teve que parar de trabalhar e até coisas simples de casa já não era possível fazer, contava com a ajuda da mãe e de uma prima. ‘‘Praticamente parei tudo, eu andava de muletas e não conseguia abaixar. Eu ia fazer o vestibular em janeiro e nem fiz’’, revela. Há cerca de cinco meses, com a evolução a partir das sessões de fisioterapia, ela largou as muletas e já conseguiu grandes ganhos na mobilidade do joelho.

‘‘Eu achei que ia demorar mais para me recuperar, mas quando cheguei ao Cero fiquei muito feliz. Eu não saia de casa para nada, então minha única diversão era a fisioterapia. Acaba virando uma família. Sempre me senti muito a vontade aqui, todos os profissionais são excelentes’’, conta.

Além da fisioterapia, Joelma também passou por acompanhamento psicológico, por ter ficado com medo de dirigir e garante que problema foi superado. ‘‘Já voltei a dirigir’’, comemora. Para Joelma, o Cero marca o recomeço de sua vida. ‘‘Tem sempre alguém que fala que você não vai conseguir, mas você não deve desistir porque a gente consegue’’, disse.

Maria das Dores é acadêmica do 9º período de fisioterapia e acompanha de perto as melhoras de Joelma. ‘‘É gratificante você poder ajudar uma pessoa que chega com a funcionalidade comprometida e totalmente desanimada. Quando comecei a tratar ela estava com 90 graus de flexão e agora ela já ganhou 20 graus’’, afirma. Cada pequeno avanço de Joelma significa muito para Maria.

DO DESESPERO A ESPERANÇA

O pedreiro Sidnei de Lima, 37 anos, chegou ao Cero desesperado e desesperançado. O diagnóstico era de displasia fibrosa. ‘‘Eu fiquei muito abalado com esse diagnóstico’’. Ele chegou a ficar quatro meses dependendo de cadeira de rodas para se locomover, deixou de trabalhar e chegou a pensar que para o caso dele não tinha jeito.

Há dois meses em nova etapa de fisioterapia, Sidnei comemora os avanços. ‘‘Antes, devido sentir muitas dores nos quadris e pernas, eu não conseguia dirigir, agora já estou dirigindo’’, afirma contente. Ele conta que apoio dos profissionais foi fundamental. ‘‘Quando eu falava que estava pensando em desistir do tratamento, uma fisioterapeuta dizia que ia me buscar em casa se eu faltasse’’, lembra.

Um reflexo do comprometimento de toda a equipe do Cero em realmente fazer a diferença na vida daqueles que precisam de reabilitação. Sarah Carvalho, acadêmica do 9º período, acompanha o tratamento do Sidnei. ‘‘Ele chegou bem abatido, não queria fazer certos exercícios devido às dores e tinha muita coisa no cotidiano dele que não fazia mais, mas ao longo do tratamento essas dores foram aliviando e foram trazendo esperança. Cada ganho, por menor que seja, já significa muito pAra ele e para a gente’’, afirma.

DEPENDÊNCIA DO TRATAMENTO 

A dona de casa Rosângela Miranda da Silva, 49 anos, tem hérnia de disco e sabe muito bem o que é conviver com a dor. ‘‘Antes do diagnostico eu trabalhava, mas depois entrei em depressão. Passei quatro meses em cima da cama. Fui pro chão. Mas graças a Deus consegui tratamento no Cero’’, afirma. Ela conta que é atendida no local desde o ano de inauguração.

Ela reconhece a importância do trabalho feito no Cero. ‘‘Se eu não fizer esse tratamento, eu paro de andar. A minha vida só passou a ser normal depois que eu vim para cá e agradeço a Deus por esses universitários, que são pessoas maravilhosas, e agradeço muito ao governador, que apesar de toda a dificuldade, ele tem olhado para as pessoas que precisam, e se não fosse por Deus e pela vontade dele muita gente como eu não teria essa qualidade de vida, porque dependemos exclusivamente do Cero, pois não temos condições de pagar um tratamento de fisioterapia’’, avalia.

Quem acompanha Rosângela na fisioterapia é a acadêmica do 10º período Maria Soares e ela aponta os impactos positivos do tratamento. ‘‘São pacientes que chegam bem debilitados e a gente devolve a qualidade de vida para eles, como no caso da Rosângela, que sentia muitas dores e hoje ela já pode fazer uma caminhada, as tarefas simples de casa, como lavar louças, porque antes ela nem conseguia levantar da cama’’, conta.

Para o professor especialista em ortopedia e traumatologia Anderson Franklin Reis Brandão, que supervisiona o trabalho dos acadêmicos no Cero, essa parceria entre a faculdade o Centro de Reabilitação é de grande importância não só para os pacientes, como para os futuros profissionais. ‘‘Ao trabalhar com a reabilitação em rede pública, eles conseguem um aprendizado tanto pessoal como profissional’’, afirma.

Ele ressalta o diferencial e qualidade do Centro de Reabilitação de Rondônia. ‘‘A estrutura é muito boa e o interessante é que as pessoas costumam falar que tudo que é do SUS [Sistema Único de Saúde] é feito de qualquer jeito, na realidade aqui é completamente diferente. Temos equipamentos à disposição para fazer o melhor tratamento e isso faz diferença’’, considera.

O Cero é o reflexo da nova fase da saúde pública no Estado de Rondônia com estrutura de qualidade, profissionais especializados e humanização no atendimento. Um lugar onde a esperança é devolvida aos rondonienses, traumas são superados e vidas transformadas.


Fonte
Texto: Vanessa Moura
Fotos: Ésio Mendes/Daiane Mendonça
Secom – Governo de Rondônia

O que você pensa sobre este artigo?

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.