Socioeducandos cantam e encantam em 4ª etapa de competição musical

Foi no embalo de letras musicais de Tim Maia e outros artistas, em meio a melodias como “Quero amor sincero, isto é o que espero. Grito ao mundo inteiro, não quero dinheiro, eu só quero amar”, que a 4ª etapa do Festival Musical “A voz do ISE” foi realizada na última sexta-feira, 8, no Centro Socioeducativo Santa Juliana.

E emoção não faltou por lá. Natélia Souza foi prestigiar o filho, que durante sua interpretação de Romaria manteve o olhar fixo na mãe. E o resultado não podia ser diferente: foram olhos marejados por todo lado, desde os familiares aos convidados e equipe de jurados.

“Meu coração ficou realmente muito emocionado em ver esse lado do meu filho, principalmente por saber o quanto ele é tímido. Só tenho a agradecer por esse cuidado de toda a equipe responsável por proporcionar momentos de alegria assim pra nós como família”, enfatizou Natélia.

Já a jovem Jaqueline Lima esteve na plateia para torcer pelo esposo L. N,. acompanhada pela filha do casal, de sete meses de idade. Ela conta que desde o ingresso do marido no sistema, sempre esteve ao lado dele por saber que a família é muito importante no processo da ressocialização.

“Meu marido veio pra cá quando eu ainda estava grávida e nem assim o abandonei, porque sei que ele está tendo todas as oportunidades pra que quando sair daqui a gente possa viver ao lado da nossa filha e cuidando da nossa família. Estou muito feliz em ver ele agarrando todas essas oportunidades e se esforçando para isso”, frisa Jaqueline.

Sobre o festival

O concurso musical é resultado das ações do projeto Som da Liberdade, executado pelo ISE junto ao gabinete da vice-governadora Nazareth Araújo.

As etapas de audição estão sendo realizadas em todas as unidades da capital e demais cidades, com o intuito de selecioná-los por meio de audição, para participarem do festival a ser realizado no dia 28 de dezembro, no Teatro Plácido de Castro. Os que chegarem à final vão garantir a participação na gravação de um CD com músicas autorais, sob a coordenação do músico e professor de canto Antônio Carlos Nascimento.

A diretora da unidade Santa Juliana Raquel Moraes esteve na banca de jurados e disse: “Nosso maior desafio é que fazer com que o adolescente em conflito com a lei retorne para a família diferente em todos os sentidos e apostamos na música como mediadora de sonhos a partir do momento em que se descobrem talentos”.

À frente da diretoria adjunta do ISE, Antônio Azevedo destacou a importância de se ter na dedicação à música a ferramenta necessária para mudanças de comportamentos. “A música pode surtir um resultado fantástico na vida desses adolescentes por ter o poder de trazer reflexões inspiradoras e nós já temos o que comemorar com a mudança de posturas dentro das unidades”, disse.

A Promotoria de Justiça da Infância e Juventude também tem apoiado a iniciativa. “Não podemos perder de vista o fato de que depois de um tempo de cumprimento de medidas, esses adolescentes voltarão à liberdade e nosso desejo é que eles retornem ao convívio social, de fato, abertos às novas oportunidades promovidas pela ressocialização”, pontuou a promotora de Medidas Socioeducativas Vanessa Muniz.

O promotor Francisco Maia acrescentou: “Nós todos, poder público e sociedades, somos responsáveis por propiciar às crianças e adolescentes os direitos que lhes são próprios e estabelecidos pela constituição e estatuto. E no caso desses que tiveram sua liberdade interrompida por algum ato infracional não poderia ser diferente, é parte do nosso papel oferecer condições para que tenham, sim, uma chance de vida melhor”.

O projeto teve início em 2015 e atualmente funciona às terças e quintas-feiras. A princípio, foi idealizado apenas para ensinar os menores em medidas socioeducativas a tocar violão. Mas, ao longo dos anos se expandiu para comunidades e também escolas como forma também de prevenir e evitar a criminalidade.

Além do gabinete da Vice Governadoria e do ISE, a ação conta com outros colaboradores, como o Ministério Público do Acre (MPAC), o Movimentos de Mulheres Camponesas, (MMC), a Assessoria Especial da Juventude (Assejuv) e a Fundação Elias Mansour (FEM), entre outros.

Rayele Oliveira

O que você pensa sobre este artigo?

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.