Mudança na lei ameaça importante área da Amazônia Boliviana

Vandré Fonseca

Manaus, AM − O governo da Bolívia ignorou o avanço do desmatamento e os riscos à biodiversidade ao aprovar uma lei que retirou a intangibilidade do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Sécure (Tipnis), em agosto do ano passado. A mudança na lei visa concluir uma rodovia com 306 quilômetros de extensão, entre as províncias de Cochabamba e Beni, na região central do país.

O alerta é dado por pesquisadores da Universidade Maior de San Andrés, Bolívia, e instituições europeias, em um artigo publicado hoje na revista científica Current Biology. Os autores pedem ao governo boliviano que desista da obra. O Tipnis ocupa uma área de 1,37 milhões de hectares e é apontado pelos pesquisadores como uma das regiões com maior diversidade da Amazônia, com espécies vegetais endêmicas e animais emblemáticos, como a onça-pintada (Panthera onca), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) e a ariranha (Pteronura brasiliensis).

Entre os anos 2000 e 2014, o Tipnis perdeu 46 mil hectares de florestas, sendo que 58% desse desmatamento ocorreu dentro de uma faixa de 5 quilômetros ao longo de estradas e rodovias. Mais da metade da área desmatada está em uma região de avanço do cultivo de coca, segundo o estudo, contrariando a justificativa de que a derrubada de floresta ocorre para aumentar a produção de alimentos.

“[O tamanho do desmatamento] é simplesmente inacreditável, considerando que o parque não é apenas um dos principais hotspots de biodiversidade na Bolívia, mas também uma das regiões mais biodiversas da Terra”.
“Nós ficamos surpresos ao descobrir que um dos mais icônicos parques nacionais da Bolívia poderia enfrentar níveis tão alarmantes de desmatamento”, afirmou Mónica Moraes, da Universidade Maior de San Andrés, à Cell Press, editora da revista científica. “[O tamanho do desmatamento] é simplesmente inacreditável, considerando que o parque não é apenas um dos principais hotspots de biodiversidade na Bolívia, mas também uma das regiões mais biodiversas da Terra”.

Veja íntegra no site O Eco

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