Alerta laranja

Quebra dos sigilos fiscal e bancário de Flávio Bolsonaro pegou mercado futuro aberto ontem, elevando a pressão nos ativos locais, que já sofrem com a guerra comercial

Duas notícias divulgadas ontem à noite, quando os mercados já estavam fechados, deixam os investidores em alerta nesta terça-feira, um dia após o Ibovespa cair quase 3% e o dólar encostar na marca de R$ 4,00. A primeira, vinda do exterior e que formaliza a intenção dos Estados Unidos de sobretaxar em junho mais US$ 300 bilhões em produtos chineses importados, não impede uma tentativa de recuperação de Wall Street nesta manhã.

Já a segunda, pegou o mercado futuro aberto no Brasil, levando a bolsa às mínimas e o dólar às máximas. Trata-se da decisão da Justiça do Rio de Janeiro de autorizar a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz, além de outros 88 ex-assessores. As famílias dos dois também serão investigadas.

O período da quebra é de 2007 a 2018 e se refere a quando Queiroz esteve vinculado ao gabinete de Flávio. A quebra de sigilo bancário e fiscal faz parte da investigação sobre a movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão na conta bancária do ex-assessor de Flávio entre 2016 e 2017, apontada pelo Coaf no ano passado. Os dois se defendem das acusações, lembrando que o sigilo já havia sido quebrado.

Seja como for, a notícia resgata um assunto delicado envolvendo a família Bolsonaro e, segundo palavras do senador e do pai, visa atingir o governo com “acusação maldosa”. A suspeita do uso de laranja – que atinge também outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro – pode dificultar os esforços do Palácio do Planalto de se concentrar apenas na aprovação da reforma da Previdência no Congresso.

Aliás, por si só, o governo encontra dificuldades para emplacar a austeridade fiscal, em meio a uma grave recessão econômica e à pressão da classe política por troca de cargos. A agenda de reformas – ministerial, inclusive – tem se tornado um problema, ainda mais sem a retomada do emprego e da atividade no país e com a queda de popularidade do presidente.

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