Academias de ciência pedem medidas urgentes contra a poluição do ar

Na sede da ONU, em Nova Iorque, representantes das academias de ciência e medicina de quatro países — entre eles, o Brasil — apresentaram neste mês (19) um apelo urgente por mais investimentos na luta contra a poluição do ar. As instituições pediram que todas as nações do mundo adotem medidas de controle das emissões de poluentes e implementem sistemas de monitoramento da qualidade do ar.

Países precisam conseguir, pelo menos, identificar os piores poluentes presentes no ar que seus cidadãos respiram, de acordo com as recomendações de uma declaração conjunta da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia de Ciências da África do Sul, da Academia Nacional de Ciências Leopoldina, da Alemanha, e das Academias Nacionais de Medicina e de Ciências dos EUA. Acesse o documento em português clicando aqui.

Anualmente, a poluição do ar causa cerca de 7 milhões de mortes prematuras. Mulheres, crianças e idosos estão entre os grupos mais vulneráveis a esse problema ambiental e de saúde pública. Evidências científicas demonstram que a exposição a poluentes pode causar doenças cardíacas, asma, diabetes, eczema e câncer, além de ter impacto no desenvolvimento cerebral de meninos e meninas.

“Se não dermos urgência a este problema global, a poluição do ar continuará causando uma taxa alarmante de doenças preveníveis, deficiências e mortes, além de custos evitáveis com cuidados (de saúde)”, afirmou Marcia McNutt, presidente da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

“Precisamos agir de maneira muito mais decisiva. É necessário ter maior investimento público e privado para enfrentar a poluição do ar e fazer frente à escala do problema”, acrescentou a especialista durante o evento nas Nações Unidas.

A poluição do ar também está associada às mudanças climáticas. A redução de poluentes de curta duração — como o metano e o carbono negro — poderia diminuir o aquecimento global em até 0,5 °C nas próximas décadas, ao mesmo tempo em que evitaria 2.4 milhões de mortes prematuras.

De acordo com as academias, as maiores causas da poluição do ar são a queima de combustíveis fósseis e de biomassa. Essas práticas são realizadas para a geração de energia, aquecimento, preparo de alimentos, transporte e agricultura.

A poluição do ar provocada pelos combustíveis fósseis é especialmente prejudicial para os humanos, pois libera grandes quantidades de matéria particulada — que entra no corpo e danifica os órgãos.

Em 2015, os custos econômicos das doenças causadas pela poluição do ar foram estimados em 138 milhões de dólares, em 176 países.

Em resposta a esse cenário, as academias de ciências reivindicam que esse problema prevenível seja enfrentado com vistas ao desenvolvimento sustentável das sociedades e à mitigação das mudanças climáticas.

As instituições recomendam que todos os países deem prioridade para a redução da poluição do ar, por meio de medidas de controle das emissões em indústrias e também por meio de incentivos aos combustíveis limpos. Quando possível, histórias de sucesso de cidades e países devem ser compartilhadas e usadas como lições.

As academias apontam ainda que um pacto global encorajaria governos, empresas e cidadãos a aumentar o investimento em políticas sobre a contaminação da atmosfera. Um documento do tipo também estimularia as nações a trabalhar conjuntamente para melhorar a qualidade do ar.

“A poluição do ar não está apenas prejudicando o nosso planeta e contribuindo para a mudança climática, mas também encurtando a vida de milhões de pessoas”, disse Inger Andersen, diretora-executiva da ONU Meio Ambiente.

“É encorajador ver a comunidade científica global se unir e reivindicar ações urgentes para esse problema verdadeiramente global. É hora de colocar a poluição do ar como prioridade na agenda política.”

ONU Meio Ambiente

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