Boneca Momo volta a viralizar e preocupa pais e educadores
Mães contam seus relatos e querem ajudar outras famílias
Uma imagem feminina de cabelos pretos, aparência cadavérica e olhos bem grandes alcançou “fama” mundial em 2018. Este ano, a boneca voltou a reacender a polêmica sobre controle de conteúdo na internet para crianças. A figura de feições bizarras estaria aparecendo em desenhos e vídeos infantis ensinando os pequenos a cometerem suicídio.
A pequena Maria Sophia, de 5 anos, estava na casa do pai quando sua mãe, a enfermeira Priscila Braga, de 31, recebeu o alerta sobre a sua mudança de comportamento da pequena. “Ela estava estranha, aparentando muito medo e não queria dormir sozinha”, descreveu Priscila. Naquele momento, não havia muito a ser feito e Priscila ainda não tinha visto a repercussão do caso.
Foi na última segunda-feira (18), quando a enfermeira começou a ser bombardeada com informações sobre a Momo, despertou maior preocupação. “À noite, fui tentar conversar com Sophia, perguntar se ela sabia sobre o caso e ela se desesperou. Chorava compulsivamente, me pedia para não falar sobre a boneca e não queria que eu saísse de perto dela”, contou.
A primeira reação de Priscila foi tentar acalmá-la a e procurar ajuda de um psicólogo. “Fui aconselhada a não tocar mais nesse assunto em sua frente”. Apesar de não falar mais com Sophia sobre o caso, a enfermeira contou a sua história em um grupo em que participa e viu que a sua situação não é um fato isolado. “Todas as mães que conversei estavam passando pela mesma situação ou conhecem alguma criança que está em pânico por causa desta boneca”, assegurou.
A fisioterapeuta, Bruna Miranda, de 35 anos, já conhecia a boneca desde o ano passado e sempre se preocupou em orientar o seu filho, o pequeno Guilherme, de 7 anos. “Converso com Guilherme sobre o que ele deve assistir e procuro explicar que nem tudo que existe na internet é saudável”. Como forma de ajudar e orientar outras mães, Bruna está divulgando o caso em grupos do whatsapp. “Na minha opinião, os pais podem ter uma parcela de culpa em relação a esses problemas. Nem todos se preocupam em fiscalizar o que o filho assiste na internet e nem têm a preocupação de observar o seu comportamento”, pontuou.
A psicóloga Flávia Brandão Bomfim e pós-graduanda em Neuropsicologia explica que as crianças são um público-alvo “fácil” e tem dificuldade de nomear e reconhecer os seus próprios sentimentos. “As crianças possuem muito tempo livre e, na maioria das vezes, utilizam os aplicativos da internet sem nenhum tipo de monitoramento do pais. Vale ressaltar também que esses desafios são bem elaborados, chamam atenção. E as crianças não sabem diferenciar o que é uma brincadeira boa da ruim”, destaca.
A psicóloga também participou de pesquisas na área da educação e acredita que as escolas precisam estar sempre promovendo palestras para pais e alunos sobre o mau uso da internet, cursos de aperfeiçoamento para professores e ter em sua grade curricular eventos regulares sobre temas atuais. “Acredito que depois desse jogo os pais vão prestar mais atenção no que os filhos assistem e o que fazem na internet. E o papel da escola é estar sempre conscientizando os jovens para os benefícios e malefícios das redes sociais”, ressalta, lembrando que o assunto precisa estar sempre presente e discutido nas relações escolares e familiares.
Agência Educa Mais Brasil