Roubo de dados e interrupção de serviços podem ameaçar cibersegurança nas Olimpíadas
Edições anteriores foram alvo de ciberataques. Em Paris, organizadores dizem estar preparados.
As Olimpíadas de Paris 2024 reúnem mais de 10 mil atletas em 48 modalidades esportivas, segundo a organização. A abertura oficial do evento ocorreu no dia 26 de julho, com uma celebração no Rio Sena, um dos cartões postais da França. A cerimônia de encerramento será no dia 11 de agosto, no Stade de France. Com os holofotes mundiais voltados para os jogos, os organizadores têm se preocupado em garantir a segurança, inclusive, digital.
Em edições anteriores dos Jogos Olímpicos, realizadas em outros países, ocorreram invasões digitais. Dados do estudo da Unit 42 classificam os ciberataques como a principal ameaça ao evento, pois podem afetar a continuidade de serviços essenciais, como processamento de pagamentos, transporte, hospitalidade, telecomunicações, mídia e segurança.
O ataque ransomware é apontado como a causa mais frequente para a interrupção de serviços. Segundo a Unit 42, em 2023, houve quase 4 mil vazamentos inerentes a esse tipo de ataque. Em eventos esportivos, a prática criminosa pode afetar as cadeias de suprimentos de serviços e produtos e prejudicar a reputação da competição.
As informações do estudo reforçam que eventos esportivos do porte dos Jogos Olímpicos funcionam como uma estrutura sólida, que requer a sincronização em vários componentes. Quando há alguma falha, os transtornos e a repercussão podem ser grandes.
Histórico de invasões
A preocupação com ciberataques aumentou desde as Olimpíadas de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, em 2018. Uma invasão causou apreensão antes do início do evento, com a queda repentina da rede Wi-Fi e do aplicativo oficial, juntamente com outros problemas técnicos.
Nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão, em 2021, foram mais de 400 milhões de ataques cibernéticos individuais, conforme dados da NNT Corporation. Em Paris, a situação é agravada pela Inteligência Artificial (IA). À medida que ela se torna mais sofisticada, os riscos de segurança associados ao seu uso aumentam.
No contexto dos Jogos Olímpicos, a especialista em cibersegurança dos Estados Unidos, Betsy Cooper, disse à imprensa que os hackers podem usar a IA para interromper as transmissões do evento e divulgar notícias falsas, sem que ninguém os perceba no primeiro momento.
Segundo a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), um ciberataque pode ter diversos objetivos, como desativar computadores, espionar informações confidenciais, roubar dados, anular serviços e provocar danos morais ou materiais.
Cibersegurança é reforçada nas Olimpíadas
Atentos a isso, os organizadores das Olimpíadas de Paris 2024 informaram que medidas de cibersegurança estão sendo tomadas. A iniciativa da organização do evento pode servir de exemplo para garantir a segurança de dados, sistemas e redes.
Conforme divulgado em comunicado oficial, a segurança do evento ficará a cargo da Agência de Segurança de Sistemas de Informação Francesa (Anssi) e do Ministério do Interior, com apoio do braço de defesa cibernética do Ministério da Defesa (Comcyber).
O líder da equipe encarregada de defender o evento contra ameaças cibernéticas, Franz Regul, declarou à imprensa que os preparativos incluem a realização de “jogos de guerra”, nos quais os especialistas e sistemas são testados em simulações de ataques, além do treinamento de funcionários para reconhecer ameaças como ransomware e phishing.
Grandes eventos, como os Jogos Olímpicos, contam com Centros de Operações de Segurança Cibernética (CSOC), instalações que operam para monitorar e responder às ameaças em tempo real, garantindo uma resposta rápida.
Apesar de a IA ser considerada uma possibilidade de ameaça, ela também é usada para implementar sistemas avançados capazes de orquestrar a triagem de ameaças e possíveis ciberataques.
Foto: Christophe Simon/AFP