Correntes de WhatsApp espalham informações falsas sobre febre amarela
Mensagens trazem dados errados ou exageros sobre os efeitos da vacina e a incidência da forma grave da doença
O surto de febre amarela no Brasil – que resultou em 81 mortes de 1º julho a 30 de janeiro, segundo dados do Ministério da Saúde – provocou pânico entre pessoas que ainda não tinham tomado a vacina. Em São Paulo, muita gente correu para os postos de saúde em busca da imunização, mesmo sem morar em áreas consideradas de risco para a doença. Ao mesmo tempo, uma enorme campanha de desinformação sobre a febre amarela circulou no aplicativo de mensagens WhatsApp.
O Truco – projeto de verificação de fatos da Agência Pública – checou trechos de duas das mensagens divulgadas pela rede. As correntes abordam diversos tópicos relacionados à febre amarela, que vão desde os efeitos colaterais da vacina até os supostos lucros de empresas farmacêuticas com a campanha. A análise das seis frases selecionadas mostrou que foram usados dados falsos ou exagerados nas afirmações. Veja, abaixo, o resultado.
“Se você não for alérgico, tome de 3 a 6 gotas de própolis por dia diluído em água ou suco. O própolis entra na corrente sanguínea e seu cheiro é expelido pelos poros, os mosquitos não suportam o cheiro e não picam.”
Uma das correntes que viralizaram afirma que basta adicionar algumas gotas diárias de própolis em água ou suco para repelir a picada do mosquito transmissor da febre amarela. De acordo com a mensagem, o própolis entra na corrente sanguínea e seu cheiro é expelido pelos poros. Como os mosquitos não suportariam o cheiro, não picariam as pessoas protegidas. O Truco classificou a afirmação como falsa, porque não há estudos que comprovem que a substância funciona como repelente.
A reportagem entrou em contato com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituto de pesquisa e tratamento de doenças tropicais responsável pela produção das vacinas contra a febre amarela no Brasil. Em um comunicado oficial, o instituto reforça que “inseticidas naturais” não possuem aprovação pela Anvisa, e não existe nenhuma comprovação de eficácia de substâncias naturais como repelentes para mosquitos.
A médica Flávia Bravo, da Comissão de Revisão de Calendários e Consensos da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), endossa que não há nenhuma fundamentação científica que comprove a atuação do própolis como repelente.
Veja íntegra no site da Agência Pública