BNDES seleciona dez projetos culturais que usam a internet
As propostas selecionadas terão um mês de capacitação
O Programa Matchfunding BNDES+ Patrimônio Cultural selecionou dez projetos para sua terceira edição que, pela primeira vez, traz uma etapa inteiramente digital, até por força da pandemia do novo coronavírus (covid-19). O edital foi lançado em dezembro de 2020 e o resultado foi divulgado hoje (9) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). .
Batizada de Edição Lab, essa nova etapa do programa dá destaque a propostas que usam a internet para ampliar a interação do público com os patrimônios culturais brasileiros. “O resultado foi muito positivo, diante das circunstâncias que estamos vivendo”, disse à Agência Brasil a gerente do Departamento de Desenvolvimento Urbano, Cultura e Turismo (Deurb), Patrícia Zendron.
Dos 15 projetos que passaram previamente pelo Laboratório de Co-criação, para desenvolvimento ou amadurecimento de ideias, e que foram submetidos à banca de seleção no dia 26 de março, dez acabaram sendo selecionados. Os critérios de diversidade e de busca maior de distribuição regional pesaram na escolha dos vencedores da Edição Lab do programa, informou Patrícia. “Ficamos muito felizes porque pudemos contemplar projetos de todas as regiões”.
Segundo ela, os projetos são encantadores. “É encantador ver o entusiasmo desses proponentes, a riqueza do patrimônio cultural e a criatividade de como trazer isso para um projeto, uma contribuição de trabalho”.
Para a gerente do Deurb, “essa combinação foi muito feliz”, referindo-se à interação entre patrimônio, tradição, história, memória e o formato digital.
Educação patrimonial, por meio do ensino à distância; tour virtual mostrando a história do patrimônio; registro de patrimônios imateriais constituem a base de alguns projetos selecionados, buscando sempre a aproximação com os públicos, salientou Patricia Zendron. “É uma diversidade grande”.
Campanha
As propostas selecionadas terão um mês de capacitação visando a estruturação da campanha de financiamento coletivo e escolha de parceiros. A partir de maio, eles já deverão estar prontos para captar recursos junto à sociedade, por meio de campanhas de crowdfunding (financiamento coletivo) hospedadas no site do programa.
A cada R$ 1 doado pelo público, que inclui pessoas físicas e jurídicas, o BNDES investe mais R$ 2, até o valor máximo de R$ 75 mil por projeto, o que significa triplicar a arrecadação. Cada projeto deverá captar, pelo menos, R$ 25 mil via financiamento coletivo, de modo a mostrar que houve um engajamento social.
A expectativa é que as dez iniciativas consigam arrecadar, no total, pelo menos R$ 750 mil, sendo R$ 250 mil ou mais de recursos da sociedade e R$ 500 mil do BNDES. Ao final da campanha de financiamento coletivo, os projetos, nesta edição, têm seis meses para execução. Nos dois editais anteriores, não digitais, o prazo de execução foi de nove meses cada.
Patricia Zendron disse que o incentivo voltado para o turismo traz a possibilidade de o patrimônio cultural do país ser mais conhecido pelos brasileiros e, também, pelo mundo, abrindo espaço para o turismo cultural no Brasil.
Nos dois editais anteriores, de março de 2019 e março de 2020, o engajamento da sociedade foi demonstrado pelos números de colaboradores, da ordem de 6 mil e 4 mil, respectivamente.
Projetos
Os projetos selecionados são Tour Virtual Teatro Amazonas, na Região Norte, liderado pela Associação Cultural Casarão das Ideias, com objetivo de promover uma visitação virtual, via aplicativo, pela história da construção do teatro e do seu entorno; no Nordeste, são PatNet – Centro Histórico de São Luís (MA), do Instituto de Estudos Sociais e Terapias Integrativas, que objetiva a Educação Patrimonial Online – curso sobre o Centro Histórico de São Luís, com abordagens sobre o turismo responsável e o potencial da economia criativa no território; WebTV Cambinda Estrela, do Centro Cultural Cambinda Estrela, para ampliação das ações de difusão do canal com lançamento de websérie de 21 episódios sobre mestres e saberes do Maracatu de Pernambuco; e a Plataforma Teatro de Bonecos, do grupo Voar Arte para a Infância e Juventude, com a ideia de fazer o registro visual de 100 peças e depoimentos dos seus brincantes, recolhidos de forma colaborativa, de modo a contribuir com a salvaguarda e difusão do patrimônio.
Na Região Centro-Oeste, os selecionados são o Projeto Filhos da Terra: Festa do Divino, Círio de Nazaré, Bumba Meu Boi, Maracatú, Congada, pela Lente Cultural Coletivo Fotográfico, de Goiás, para elaboração de cartografia que resgata itinerários de povos e bens culturais ao longo da história, por meio de plataforma online de acesso, difusão e referência das manifestações documentadas; e Monumentos em Movimento, da Associação Goiana de Artes Visuais, prevendo a produção de 20 minidocumentários sobre os mais diversos patrimônios do estado e seus processos construtivos, para exibição em redes sociais. No Sul do país, foi escolhido o projeto Theatro São Pedro, da Associação Pró Música de Porto Alegre, para visita guiada virtual ao equipamento, conduzida por uma trilha gravada pela Orquestra do próprio teatro.
O Sudeste tem três propostas: o Museu Online de Arte Negra, do grupo Ipeafro, para realização de exposição virtual, em realidade aumentada, de pinturas e documentos de Abdias Nascimento, cujo acervo possui reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq); as Oficinas do Peruaçu, do Instituto Ekos Brasil, de Minas Gerais, visando a capacitação em técnicas audiovisuais, para criação coletiva de vídeos e conteúdos sobre os sítios arqueológicos do Parna Cavernas do Peruaçu; e o Roteiro de Museus Niterói, do IBDCult que, por meio de um jogo interativo, convida o usuário a conhecer, em um tour virtual e imersivo, os patrimônios materiais dos bairros da Boa Viagem, São Domingos e Ingá, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.
Lançado em março de 2019, o Programa Matchfunding BNDES+ Patrimônio Cultural foi o primeiro do gênero envolvendo uma instituição pública. O programa se baseia diretamente no engajamento da sociedade: a cada R$ 1 captado por projeto arrecadado junto ao público geral, o BNDES aplica outros R$ 2, até que a meta mínima seja atingida. A iniciativa é resultado de uma parceria com a Sitawi Finanças do Bem e a plataforma de crowdfunding Benfeitoria, que hospeda o site do programa. Desde o lançamento, já foram apoiados mais de 30 projetos, com arrecadação total de R$ 5 milhões.
EBC