Comunidade é contemplada com reforma de casarão histórico e ampliação de infraestruturas para atender curso técnico sobre sustentabilidade
A Casa Punã, herança do ciclo da borracha, estava em ruínas antes de ser revitalizada por meio de iniciativa da FAS. Estudantes e professores também ganham alojamentos para atender o curso.
A comunidade Punã, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, no município de Uarini (AM), foi contemplada com novas infraestruturas para atender às demandas educacionais, culturais e sociais da localidade. A iniciativa, idealizada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em parceria com a Petrobras, beneficiará cerca de 900 moradores com alojamentos e com a reforma de um casarão histórico, a Casa Punã, que ganhou um novo complexo. As estruturas ampliadas fazem parte do Núcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS) Márcio Ayres, um espaço idealizado e gerido pela FAS, que já contava com escola, biblioteca, casa do professor, laboratório de informática, refeitório e um ponto de telessaúde.
Por meio do Projeto Amazonas Sustentável, implementado pela FAS em parceria com a Petrobras, a ampliação dos espaços serve, entre outras coisas, para apoiar ações de educação voltadas para a sustentabilidade, como é o caso do curso técnico em gestão do desenvolvimento sustentável, atualmente ministrado dentro da comunidade por meio de um modelo híbrido – presencial e remoto – e que conta com 50 alunos egressos do ensino médio. A nova infraestrutura consiste em alojamentos femininos e masculinos para estudantes e professores.
Já o prédio histórico da Casa Punã compreendia um entreposto comercial e funcionava sob um sistema de aviamento, comum à época colonial. Datado do ciclo da borracha, no início do século XX, o local estava em ruínas antes de ser reformado pela FAS e pelos moradores da comunidade, que participaram ativamente de todo o processo de revitalização de todas as estruturas. Além de resgatar a história, a recuperação do espaço também serviu para idealizar projetos socioculturais e de geração de renda. A ideia é que, em um futuro próximo, o primeiro andar da Casa Punã seja transformado em um cinema, e o andar debaixo, em um restaurante. Anexado ao casarão também há novos alojamentos e cozinha.
De acordo com o Superintendente Geral da FAS, Virgilio Viana, infraestruturas como essas oportunizam a formação de cursos não-convencionais, além da criação de pontos culturais de extrema relevância. “Em relação à Casa Punã, estamos num momento de uso desse espaço para atividades culturais, educacionais e é, portanto, um sonho que foi transformado em realidade”.
As reformas seguiram conceitos da sustentabilidade, já que foram utilizados materiais reaproveitados. O assoalho da Casa Punã, por exemplo, foi todo revestido de madeira de itaúba, retirada de um barco naufragado. O presidente da comunidade, Valcenir dos Santos, mora há 22 anos no local e percebeu a mudança radical ocorrida com as construções. “Antes aqui era só matagal, a Casa Punã estava entregue aos cupins, por exemplo, e hoje a gente vê que a própria comunidade mudou e já não é mais a mesma. Agora está tudo pronto, organizado, e vamos ter que seguir sendo vigias dessas estruturas para preservar o patrimônio”.
Na opinião do morador Ransque de Oliveira, esses espaços ajudam a preservar a cultura e identidade local. “Eu cresci ouvindo a história desse casarão, sobre o meu pai que tirava madeira para os navios que encostaram aqui. E hoje eu estou vivenciando a importância disso para a nossa cultura e eu tenho orgulho de fazer parte dessa história”.
Homenagem póstuma
A inauguração dos novos alojamentos do núcleo da FAS ocorreu em homenagem a Dom Sérgio Eduardo Castriani, arcebispo católico emérito de Manaus, que morreu em março de 2021, em decorrência de complicações da Covid-19. Ele era conhecido por ter atuado ativamente como missionário na região amazônica. Durante a cerimônia, foi realizado o descerramento da placa com o nome do clérigo, além de um plantio de mudas de açaí e ixória, em memória à vida de Dom Sérgio.