Oficina estimula protagonismo de jovens em reservas extrativistas, terras indígenas e comunidades da BR-319
Para engajar a juventude local sobre os impactos ambientais e sociais acarretados pela reconstrução da BR-319, o WWF – Brasil realizará uma série de encontros on-line para jovens moradores de sete municípios da região sul do Amazonas, localizados na área de influência da rodovia. A iniciativa também conta com o apoio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). As duas organizações fazem parte do Observatório BR-319, que apoia institucionalmente o evento.
A iniciativa, intitulada ‘Oficina de Comunicação Popular na Floresta – Edição BR-319’, terá aulas sobre os impactos da pavimentação da obra, direitos das populações locais, educação midiática, comunicação digital em mídias sociais e produção audiovisual.
Ao todo, 20 jovens que vivem em reservas extrativistas, terras indígenas e comunidades da BR-319, localizadas nos municípios de Manicoré, Humaitá, Canutama, Lábrea, Boca do Acre, Pauini e Tapauá, participarão das aulas, que serão realizadas entre os dias 3 e 24 de setembro, de maneira remota.
“A oficina ocorrerá totalmente on-line, o que é um grande desafio, devido ao acesso à internet. Essa foi a maneira encontrada para realizar a programação com toda a segurança que os dias de hoje pedem, por conta da pandemia de covid-19. Todas as aulas serão gravadas e disponibilizadas posteriormente para que os alunos possam assisti-las a qualquer momento”, explica a analista de engajamento do WWF – Brasil e coordenadora da iniciativa, Angélica Mendes.
O conteúdo será ministrado por uma equipe de facilitadores formada pela especialista em comunicação da Coiab, Alana Manchineri, pela secretária executiva do Observatório BR-319, Fernanda Meirelles, pelo analista sênior de políticas públicas do WWF – Brasil, Bruno Taitson e contará com convidados como a defensora de direitos humanos do estado do Pará, Claudelice Santos
“Nosso objetivo é empoderar os atores locais com ferramentas que possibilitem a defesa de suas comunidades e de seus territórios no espaço cívico”, completa Angélica.
Ainda segundo a analista, os participantes do projeto foram indicados por coletivos locais e poderão utilizar as ferramentas de comunicação aprendidas para apoiar as ações desenvolvidas na região, atingindo assim mais pessoas.
“Foram meses de buscas ativas até chegarmos nos nomes finais. Contamos com o apoio de mais de um coletivo local por cidade, indicações de organizações que fazem parte do Observatório BR-319, lideranças indígenas e de reservas extrativistas, entre outros”, afirma.
“Iniciativas como esta contribuem para a governança local incentivando o protagonismo de jovens que vivem na região sob influência da rodovia e que, por isso, são exímios conhecedores da realidade que os cerca. Esse empoderamento é muito importante no atual contexto, em que tantas violações ameaçam populações tradicionais e indígenas”, avalia a secretária executiva do OBR-319, Fernanda Meirelles.
A iniciativa recebe o apoio da Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas, além dos membros do Observatório BR-319, formado pelas organizações: Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Fundação Vitória Amazônica (FVA), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Wildlife Conservation Society (WCS – Brasil), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), WWF – Brasil e Transparência Internacional Brasil.
O Observatório
O Observatório BR-319 foi criado em julho de 2017 e reúne organizações que atuam na Amazônia que alinharam seus posicionamentos em relação à recuperação e reconstrução da rodovia BR-319, chegando ao consenso de que medidas prévias mínimas devem ser implementadas com o objetivo de garantir o ordenamento territorial e a gestão ambiental na região.
A partir deste entendimento, surgiu a ideia da criação do coletivo, com objetivo de monitorar as áreas sob influência da rodovia e sugerir pontos de atenção, além de ações de impacto na região. Os municípios monitorados foram escolhidos com base na presença da BR-319 e são: Manaus, Careiro da Várzea, Careiro, Manaquiri, Beruri, Borba, Manicoré, Tapauá, Canutama, Humaitá, Autazes (conectado à rodovia pela AM-254), Lábrea (pela BR-230).