Mesmo sem renovação de frota, prefeito de Manaus repassa R$ 300 milhões para empresas de ônibus
Eduardo Figueiredo – Da Revista Cenarium
A prefeitura de Manaus deve encerrar o ano com o repasse de quase R$ 300 milhões para as empresas do transporte público da capital. A informação foi publicada pelo vereador Rodrigo Guedes (PSC), em um comentário no Instagram. À REVISTA CENARIUM, o parlamentar criticou o alto investimento do prefeito David Almeida e as péssimas condições dos ônibus.
“Trezentos milhões que poderiam ser investidos em centenas, milhares de ações diferentes, estão indo para as empresas para nós termos o pior transporte coletivo do Brasil e nenhum investimento de retorno das empresas. O transporte não melhora, não tem ônibus novos, não tem nada que justifique o recebimento de R$ 300 milhões de reais, até porque duas (empresas) declararam falência, fecharam as portas sem pagar os direitos dos trabalhadores”, criticou Guedes.
O vereador questiona também o destino final desse montante que as empresas recebem mensalmente. “Eu quero saber para onde está indo esse dinheiro e isso, muito provavelmente, tem corrupção muito forte, lavagem de dinheiro, organização criminosa mesmo atuando; porque não acredito que as empresas tenham usado esses R$ 300 milhões para custear o transporte coletivo. É inadmissível, R$ 300 milhões de reais da população estarem ‘indo’ para gente ter esses “cacarecos nas ruas”, esses ônibus que fazem a população andar como “sardinha em lata” e ainda pegam fogo, isso não dá para nós aceitarmos”, diz Rodrigo.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) informou que todos os dados do sistema de transporte coletivo são encaminhados à Prefeitura de Manaus para realização do cálculo do valor do custo do serviço.
CPI dos transportes coletivos
Um pedido de CPI foi realizado pelo vereador, mas precisa de pelo menos 14 assinaturas para que seja instalada. “Já fiz o pedido de CPI do transporte coletivo e já está disponível para os vereadores assinarem. Precisamos de 14 assinaturas para que ela seja instalada! Não é por que outras CPIs deram em pizza que vou deixar de fazer meu papel de utilizar esse instrumento, do parlamento de fiscalização, e semelhante ao poder de justiça”, ressaltou.
População paga o preço
O universitário Júnior Brito, 19, que utiliza o transporte coletivo todos os dias para ir à faculdade critica as condições dos ônibus, a demora e a falta de segurança dentro dos coletivos.
“O transporte público é um meio essencial para mim; contudo, as condições dos ônibus, a demora e a superlotação prejudicam muito o serviço, mas o que mais me prejudica é a insegurança que passamos dentro dos coletivos. Eu mesmo fui assaltado dentro do coletivo e foram minutos de pânico e desespero”, relata o estudante que sugere a “troca (de ônibus) por novos modelos e o aumento do quantitativo deles; além de tentar pôr mais segurança para os usuários, abrir concurso para a guarda municipal, armar eles e pôr dentro dos coletivos para que assim amenizem tais problemas”, complementa.
Morador da Zona Leste de Manaus, Anderson Oliveira, 34, reclama do tempo de espera nas paradas. “Demora muito a passar os ônibus; aumentar mais a frota para diminuir o tempo de espera, porque o povo nem quer saber se tá no ar-condicionado, o povo quer saber é que tenha um ônibus seguro e que não demore muito”, avalia.
A insegurança dentro dos coletivos é um dos pontos que mais preocupa os passageiros. Eduardo Taneda, que usa o transporte coletivo todos os dias para ir ao trabalho, critica o preço da passagem e pede para que segurança dentro dos ônibus seja reforçada em todos os horários: ” É necessário a segurança nos transportes, independente do horário. Ter mais vistorias em pontos onde os assaltantes sempre realizam seus golpes e ter mais ônibus climatizados por conta do preço da passagem”, ressalta.