The Last of Us: entenda se é possível uma pandemia causada por fungos
De acordo com a bióloga Patrícia Albuquerque, uma pandemia por fungos pode acontecer no futuro, mas é pouco provável
Sucesso da HBO, a série The Last of Us se passa durante uma pandemia hipotética causada por um fungo, o Cordyceps. Depois de três anos de Covid-19, os telespectadores ficaram preocupados: até hoje, a maioria das emergências de saúde foi desencadeada por vírus, mas é possível uma nova pandemia causada por fungos?
A bióloga e professora da UnB Patrícia Albuquerque, que tem doutorado em microbiologia e imunologia pelo Albert Einstein College of Medicine (EUA), afirma que o cenário apocaliptico é, sim, possível. No entanto, e felizmente, é muito improvável.sobre o assunto
A especialista explica que existem algumas centenas de espécies de fungos do gênero Cordyceps, responsável pela pandemia na série. Mas esses organismos são todos bem adaptados para parasitar insetos e outros artrópodes, sendo difícil que transitem entre humanos.
“Existem muitas diferenças entre insetos e mamíferos, e uma delas é a nossa temperatura corporal. Pouquíssimos fungos são capazes de crescer a 37 graus”, conta a bióloga.
Uma preocupação de quem estuda fungos é o aquecimento global: com a alta nas temperaturas no mundo inteiro, os fungos poderiam se adaptar à nova realidade e, no futuro, acabar sobrevivendo no calor do corpo humano.
De acordo com Patrícia, além do Cordyceps, existem outros fungos que poderiam produzir mudança de comportamento humano, mas nada como retratado na série, em que os infectados se transformam em uma espécie de zumbi. Um exemplo são os cogumelos alucinógenos, que geram toxinas que podem causar efeitos psicóticos por tempo determinado no usuário.
Outra diferença entre o fungo da série e os da vida real são a via de transmissão. No mundo ficcional, as pessoas infectadas passam o fungo para outros por meio da mordida. Na vida real, a infecção acontece de maneira muito mais fácil: basta tocar uma superfície contaminada (como no caso do patógeno responsável pela frieira) ou inalar os esporos (que é a maneira de contaminação do Cryptococcus, que pode causar meningite).
Veja mais no site Metrópoles