Projeto impacta alunos e professores de escola pública em Manaus

O ‘Aldeia Manaó’ encerra as atividades com roda de debate acerca do protagonismo das mulheres indígenas

Durante todo o mês de abril, indígenas de diferentes povos passaram pelo CIME Dra. Viviane Estrela, situado na Zona Norte de Manaus, para compartilhar os seus saberes ancestrais com toda a comunidade escolar. E nesta terça-feira (30), as jovens indígenas Kian Sateré, Mel Mura e Potira Baré participaram da roda de debate com o tema ‘O Protagonismo da Mulher Indígena’.

Essa é a última atividade realizada pelo projeto ‘Aldeia Manaó’ na referida instituição de ensino. “Esse projeto vem agregando valores ao que a gente entende como educação. Então, se tornou rico o nosso mês de abril, porque antes a gente celebrava apenas o dia 19 [Dia dos Povos Indígenas], mas dessa vez tivemos um mês de atividades com os próprios indígenas de várias etnias”, destaca o gestor da escola, Anderson Gamaro.

Protagonismo ancestral

E para fechar a programação com chave de ouro, mulheres indígenas que protagonizam suas próprias histórias de luta e resistência compartilharam algumas vivências, realidades, desafios e toda a memória de seus povos durante a roda de conversa que aconteceu no auditório da escola.

Para Mel Mura, o protagonismo feminino indígena é ancestral. Ela busca repassar a luta e o legado de quem veio antes dela, a exemplo da mãe e da avó. “E tento trazer isso pra minha realidade hoje, com a responsabilidade de passar aos mais jovens a partir dos espaços que ocupo agora, seja na universidade, na pesquisa ou nas ruas trabalhando junto com outras mulheres, jovens e crianças”, destaca.

Kian Sateré está se formando em Educação Escolar Indígena e enxerga o seu protagonismo também a partir desse espaço. “Como educadora quero alcançar o máximo possível de crianças e repassar o entendimento do que é ser indígena, da importância da gente aqui nesse lugar, as nossas vivências, os nossos saberes… Para que as pessoas não continuem nos rotulando, nos fantasiando ou tendo estereótipos de nós”, diz ela.

Para Potira Baré, o protagonismo da mulher é também sobre a luta diária. “É uma luta em casa, na universidade, na escola… É uma luta no movimento, porque a gente que é linha de frente recebe muitas cargas positivas e negativas. Então o protagonismo feminino é sobre estar na linha de frente 24h, como mãe, como filha, como estudante, como esposa e como liderança”, conclui.

Sobre o projeto

O projeto formativo ‘Aldeia Manaó’ tem como proposta fomentar a integração entre crianças e professores acerca dos saberes ancestrais, promovendo o processo de introdução da educação indígena na escola pública, junto com colaboradores, como pesquisadores, ativistas, artistas e historiadores que fazem parte dos povos Sateré-Mawé, Tukano, Tikuna, Matses, Baré, Mura, Dessana e Kokama.

A produtora Potira Baré é a proponente, e a multiartista e gestora cultural Francis Baiardi assina a concepção do projeto. “Para mim foi algo inédito a gente fazer uma ocupação com os saberes indígenas numa instituição pública durante um mês, onde reverberou em todos os corpos que estiveram presentes ali nesse período, seja aluno, professores, pais. Há inclusive pessoas que a partir das atividades vão buscar saber sobre a sua história e a partir daí se reconhecer como indígena e assumir o seu povo”, celebra Baiardi. 

FOTOS: Karollen Andarilha/Divulgação

ASSESSORIA DE IMPRENSA

GABRIELLY GENTIL

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