A caverna
São Pacómio queria conhecer o sentido da vida e, todos os dias, meditava as Sagradas Escrituras e os escritos de tantos sábios. Certa noite, o Senhor quis satisfazer a sua curiosidade e lhe enviou um sonho para que entendesse o segredo da vida. Pacómio viu que o mundo era uma grande caverna mergulhada na escuridão. Nela os seres humanos andavam às apalpadelas, tropeçavam uns nos outros, caiam e se machucavam muito. Andavam cada vez mais tristes e sem esperança por não encontrar nenhuma saída. Um dia, de repente, um homem (ou uma mulher) acendeu uma luz. Era muito pequena e fraca, mas não tem escuridão que não possa ser vencida pela luz, por menor que ela seja. Com a luz, é sempre possível encontrar o caminho. Assim, todos se colocaram atrás de quem tinha a luz. No começo, foi aquele empurra-empurra. Todos disputavam um lugar. Depois, resolveram se organizar em fila. Enfim, cada um pegou na mão do outro e, assim unidos, começaram a buscar a saída.
Após a página das Bem-aventuranças, no “discurso do monte”, que continuamos a ler nestes domingos antes da Quaresma, Jesus nos fala de “sal e luz”. Ele diz aos ouvintes, aos seus seguidores de ontem e de hoje, que eles são “o sal da terra e a luz do mundo”. As imagens do sal e da luz são eloquentes por si mesmas. Sobretudo se comparadas com o seu contrário. De fato, quando o sal não tempera mais a comida, torna-se inútil. É jogado fora. Mais fácil, ainda, é entender como a escuridão – o contrário da luz – seja a negação da vida, das atividades humanas e da compreensão das coisas. Luz si gnifica entendimento, clareza, coragem, alegria. Quando estamos tristes, tudo parece negativo, incompreensível, duvidoso, incerto e inseguro. E vice-versa.
A luz sempre fascinou a humanidade. Ainda hoje os cientistas buscam explicações; e as distâncias entre as estrelas e os planetas são medidas em “anos-luz”. A maior velocidade medida é a da luz. Também, por exemplo, um ambiente luminoso e arejado nos dá ânimo, ao passo, que um lugar sombrio e fechado nos leva à tristeza. Quem não se encanta com uma queima de fogos coloridos numa noite escura? E quem nunca parou para contemplar, em silêncio, um céu estrelado que nos faz sentir tão pequenos e cheios de perguntas sobre a vida e o seu sentido? A noite, entendida como escuridão e escondimento, parece nos conduzir mais para coisas erradas, coisa s que nos envergonharíamos de fazer à luz do sol. Mas até um simples sorriso transmite conforto.
Como sempre, Jesus, quer nos conduzir rumo a algo maior. O anúncio do Reino, iniciado com a sua pessoa, a sua pregação e as suas palavras das Bem-aventuranças, são algo luminoso. Quem encontrar o Reino só pode exultar de felicidade. Agora tem um rumo na vida. Tudo, até as perseguições, por causa do evangelho, tem valor e sentido. A luta do bem contra o mal, que pode ser comparada com a luta entre as trevas do erro e a luz do bem e da verdade, já começou a ser vencida pela luz. Pode demorar, mas as trevas estão sendo afugentadas. Essa luta é, em primeiro lugar, interior, acontece no coração de cada um de nós, mas, ao mesmo tempo, &eac ute; também exterior, na história da humanidade toda. O nosso coração é um campo de batalha e, muitas vezes, a nossa luta é sofrida, demorada, cheia de contradições. É fácil entender que, para os discípulos de Jesus serem “sal da terra e luz do mundo”, eles devem ter o “sal”, o sabor, o gosto pela vida, dentro de si e ter luz suficiente para comunicá-la aos demais. Somente assim, com a união de tantas, incontáveis, pequenas luzes, a grande luz do bem e do amor vai clarear a história do mundo. Por isso, os cristãos, devem permanecer sempre unidos a Jesus Cristo, a luz plena, a luz que não conhece sombra, e entre si. É urgente essa corrente de luzes. Ainda temos medo ou até vergonha de falar das maravilhas de Deus entre nós e pouco aparece da luz da fé e do amor no nosso agir como cristãos. A luz tem s entido se clareia ao seu redor. Luzes apagadas ou escondidas não são mais luzes. O sal também, se não dá sabor, será pisado