Construção demite 646 mil empregados em um ano, revela IBGE
País teve aumento de 2,8 milhões de pessoas em busca de emprego em um ano
A construção cortou 646 mil trabalhadores no período de um ano, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e divulgada nesta quarta-feira (31). O total de ocupados na atividade encolheu 8,7% no trimestre encerrado em abril de 2017 ante o mesmo período de 2016.
O comércio dispensou 174 mil empregados no trimestre encerrado em abril ante o mesmo período do ano anterior, queda de 1,0% na ocupação no setor.
Outras atividades com corte de vagas foram agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-730 mil empregados, recuo de 7,7% no total de ocupados), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-374 mil vagas, queda de 2,4%) e serviços domésticos (-163 mil empregados, redução de 2,6% no total de ocupados).
O setor de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas — que inclui alguns serviços prestados à indústria — registrou um avanço 149 mil vagas em um ano,1,5% de ocupados a mais.
Também houve aumento em março no contingente de trabalhadores de alojamento e alimentação (+548 mil empregados), outros serviços (+175 mil pessoas) e transporte, armazenagem e correio (+34 mil ocupados).
Indústria
Segundo o IBGE, a indústria cortou 220 mil trabalhadores no período de um ano. O total de ocupados na atividade encolheu 1,9% no trimestre encerrado em abril de 2017 ante o mesmo período de 2016.
No entanto, houve melhora em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em janeiro. A indústria contratou 204 mil pessoas, um crescimento de 1,8% no contingente de trabalhadores em um trimestre.
“É o primeiro resultado positivo após três anos sem aumento na indústria o contingente de ocupados. A indústria perdeu aproximadamente 1,8 milhão de trabalhadores em dois anos e agora começa a apresentar sinais de recuperação. Acho que a gente tem que ser bastante cauteloso. Não é um trimestre consolidado. É importante aguardar o segundo trimestre para ver se esse crescimento da indústria é só um soluço ou um movimento consolidado”, ponderou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
No trimestre encerrado em abril de 2012, a indústria representava 14,8% de toda a população ocupada no País. Após os últimos anos de enxugamento da folha de pessoal, o setor responde atualmente por 12,9% dos ocupados, segundo os dados do trimestre encerrado em abril de 2017.
Segundo Azeredo, o trimestre encerrado em abril ante o trimestre encerrado em janeiro mostra uma movimentação ainda instável no mercado de trabalho.
“A gente tem que ser bastante cauteloso antes de dizer de que a indústria gerou vagas com a recuperação econômica… Senão como você vai explicar queda na população ocupada, aumento na desocupação, carteira assinada no menor nível histórica?”, lembrou o pesquisador. “A gente está ainda num momento muito delicado no País”, acrescentou Azeredo.
Em abril, o aumento na ocupação na indústria ante janeiro foi disseminado entre os setores da indústria de transformação, informou o coordenador do IBGE.
Extraído do R7