Janot diz não ter pressa para apresentar nova denúncia contra Michel Temer
Em apresentação nos EUA, procurador-geral da República disse nesta segunda-feira que ficou surpreso ao ouvir gravações da JBS pela primeira vez
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta segunda-feira (17) que não tem pressa para apresentar uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer.
Chefe do Ministério Público Federal (MPF) só até setembro, Janot já ofereceu denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista e há a expectativa de que ele ainda apresente acusações de obstrução à Justiça baseadas nos acordos de delação premiada de executivos do grupo J&F.
Em apresentação realizada nesta manhã em Washington, nos Estados Unidos, Rodrigo Janot disse que só oferecerá uma nova denúncia caso as investigações indiquem que o presidente Temer de fato cometeu crimes.
“É importante que apuremos os fatos e que, se eles forem realmente ilícitos, aí sim devemos iniciar o processo penal. Essa investigação ainda está em curso e pode gerar também um arquivamento. Se não conseguirmos provar com indícios suficientes de prova, não há como denunciar. O Ministério Público não tem pressa e nem retarda a denúncia. Existem investigações em curso e, se até o dia 15 de setembro, eu obtiver esse quadro definido, eu não posso deixar de praticar o meu ato de ofício. Se não houver, não houve”, declarou Janot.
O procurador-geral da República disse ainda que sua primeira reação ao ouvir o diálogo entre Joesley e Temer foi acreditar que “era mentira e que aquilo não podia estar acontecendo”.
“Depois de três anos e meio de Lava Jato , com todos os números alcançados, era inacreditável que a prática de crime continuasse de maneira aberta”, disse. “Aí nos foram apresentadas partes de uma gravação em que se comprovava envolvimento desses altos dignitários da República. Foi a primeira colaboração que nos traz elementos para cessar prática delituosa e não investigar delitos ocorridos no passado. E delitos graves”, afirmou o procurador.
Janot defendeu a imunidade concedida a Joesley Batista , alegando que ela era necessária para que o acordo com executivos da JBS fosse firmado. “Ninguém se sente feliz concedendo imunidade a criminosos, mas foi possível sopesando o interesse público da sociedade brasileira.”
O procurador defendeu mais uma vez a legalidade das gravações de conversas feitas por Joesley Batista sem a anuência do presidente da República no Palácio do Jaburu. “Antes de elaborado o acordo, esses criminosos concordaram em participar de outro meio de obtenção de prova que é previsto na lei, que é a ação controlada”, explicou.
Janot também rebateu as críticas de que a força-tarefa que atua na Lava Jato prende investigados para forçá-los a fechar um acordo de colaboração com a Justiça. “Dos acordos de colaboração premiada realizados na Lava Jato, 85% foram feitos com os investigados livres”, explicou o chefe do MPF.
Fonte: Último Segundo – iG