Familiares alertam: pessoas com Síndrome de Down esperam oportunidades
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência focar nas potencialidades das pessoas com essa condição genética
Todos os seres humanos são singulares e, nas suas diferenças, têm muito a contribuir para a sociedade. Mariana de Faria, 36 anos, por exemplo, tem amor de sobra para distribuir. Laura Vitória, 5, é uma criança cheia de potencial. Contudo, elas fazem parte de uma parcela da população que precisa de oportunidades. Na semana em que a inclusão voltou às manchetes, em função do preconceito destilado por uma desembargadora contra uma professora com síndrome de Down, é também comemorado o Dia Internacional da Síndrome. Entidades de apoio às famílias e pessoas com a condição genética aproveitam a data, celebrada nesta quarta-feira (21), para lembrar: eles também são capazes e estão por aí esperando uma chance.
A campanha deste ano, encabeçada pelo Down Syndrome International (DSI), ressalta que todas as pessoas com síndrome de Down precisam de oportunidades para contribuir em suas comunidades. Dessa forma, incluídas plenamente, em igualdade de condições, conseguem exercer vidas mais valiosas. É também o que sinaliza a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, ao focar nas potencialidades.
E o que deixou claro a primeira professora com síndrome de Down, Débora Seabra, ao escrever para a desembargadora Marília Castro Neves, depois que a magistrada questionou as competências da docente em uma rede social. “Ninguém é igual, o que existe na sociedade é uma padronização. Somos todos diferentes. Buscamos uma sociedade mais inclusiva. O preconceito é causado por desconhecimento”, afirmou a defensora pública Natalli Brandi, 36, mãe da pequena Laura.
Para Natalli, é fundamental inserir as pessoas com síndrome de Down nos espaços sociais de vivência cotidiana, para que elas sejam estimuladas. O estímulo também deve ocorrer com o acompanhamento de equipe multidisciplinar desde os primeiros dias de vida. A recomendação é de que as crianças façam fisioterapia até pelo menos dois anos de idade, enquanto fonoaudiologia e terapia ocupacional devem ser mantidas até, pelo menos, o fim da infância. “São crianças que têm uma redução na força muscular e precisam corrigir, tanto para as funções motoras quanto respiratórias. Alguns também nascem com cardiopatia congênita”, detalhou a coordenadora da UTI pediátrica do Hospital Santa Joana Recife, Célia Dantas.
A síndrome de Down é a primeira causa conhecida de descapacidade intelectual e não é uma doença. É uma alteração genética causada pela presença de um cromossomo a mais no par 21. O diagnóstico pode ser intraútero ou não, como aconteceu no parto da filha caçula da advogada Ana Maria Faria, 68. “No princípio foi muito difícil, não existia tanta informação como temos hoje”, lembra. A filha dela, Mariana, é uma mostra da importância dos estímulos. Começou a estudar aos cinco anos e até hoje permanece na escola, no Lubienska. Hoje, é uma adulta ativa, que adora viajar e e frequentar eventos sociais. “Eles têm muito amor a oferecer”, ressaltou Ana.
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