Cofundador do Whatsapp incentiva jovens a excluir o Facebook

Empresário critica modelos de negócios de gigantes da tecnologia, que priorizam os lucros em detrimento da privacidade dos usuários

O cofundador do WhatsApp, Brian Acton, defendeu sua decisão de vender sua empresa para o Facebook por US$ 19 bilhões e incentivou estudantes a deletar suas contas da rede social em uma de suas poucas aparições públicas. O evento que abordou temas relacionados à tecnologia ocorrreu, na quarta-feira (13), a Universidade de Stanford. As informações são do Buzz Feed News.

Um dos palestrantes da Computer Science 181, uma turma de graduação focada no impacto social e em responsabilidades de empresas de tecnologia, Acton, de 47 anos, explicou os princípios por trás da fundação do WhatsApp e os motivos que o levaram a vender o Facebook, em 2014.

Ele criticou os modelos de lucro que impulsionam os gigantes da tecnologia, como Facebook e Google, bem como o funcionamento do Vale do Silício no qual os empresários são pressionados a buscar capital de risco e grandes alternativas para satisfazer funcionários e acionistas.

Acton já havia comentado publicamente sobre a deterioração de seu relacionamento com a rede social e seu CEO, Mark Zuckerberg. “Eu vendi a privacidade dos meus usuários para um benefício maior”, disse Acton à Forbes em setembro. Na obra, Acton descreveu como o Facebook definiu metas para o WhatsApp atingir uma taxa de receita de US$ 10 bilhões em cinco anos de geração de receita com anúncios e oferecendo às empresas formas de comunicação direta com os usuários.

Apesar de vender o WhatsApp em um acordo que o tornou bilionário, os sentimentos negativos de Acton sobre o Facebook são conhecidos. Ele deixou a empresa em novembro de 2017, depois de mais de três anos, em função de divergências sobre a introdução de anúncios na plataforma de mensagens.

Embora durante a palestra em Standford, Acton não tenha detalhado como Zuckerberg para gerar receita com o WhatsApp, ele falou criticamente sobre modelos de negócios que incentivam as empresas a priorizar os lucros em detrimento da privacidade das pessoas.

“O motivo de lucro capitalista, ou responder a Wall Street, é o que está impulsionando a expansão da invasão de privacidade de dados e impulsionando a expansão de resultados negativos com os quais não estamos satisfeitos”, disse. “Gostaria que houvesse maneiras de controlá-lo.”

Razões para a venda do Whatsapp

Ao vender o aplicativo para o Facebook, Acton disse que tinha certa ingenuidade na época. Segundo ele, chegou a pensar que poderia continuar com a receita da empresa da forma como imaginava.

Ele afirmou que pressionou por um modelo de serviço, cobrando dos usuários do WhatsApp uma pequena taxa para usar o aplicativo, como fez a empresa em seus primeiros dias, para combater os anúncios.

Em vez de sugar os dados do usuário para ajudar os anunciantes a segmentar anúncios, Acton esperava um modelo de serviço que pudesse alinhar seus interesses e a necessidade de privacidade e segurança dos usuários.

“O modelo de negócios do WhatsApp era: daremos a você um serviço por um ano por um dólar”, disse. “Não foi extraordinariamente lucrativo, e se você tem um bilhão de usuários, você terá US $ 1 bilhão em receita por ano. Não é isso que o Google e o Facebook querem. Eles querem multi bilhões de dólares.”

Ele afirmou não invejar Zuckerberg, mas se referiu ao que chama de função do CEO do Facebook de “policiar o comportamento das pessoas na rede social como uma batalha perdida”. “Há mais valor para proteger os inocentes do mundo do que os criminosos”, explicou Acton, referindo-se aos usuários em países opressivos que dependem da criptografia para segurança.

“Para ser brutalmente honesto, as redes abertas lutam para decidir o que é discurso de ódio e o que não é discurso de ódio. E nós damos a eles o poder”, afirmou. “Essa é a parte ruim. Nós compramos seus produtos. Nós nos inscrevemos nesses sites. Excluir o Facebook, certo?

Via R7

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