Dia da Terra: relatório da ONU alerta para perda da biodiversidade
Resultado é reflexo do uso desenfreado de recursos naturais pela humanidade
Os elementos da natureza são essenciais não somente para a sobrevivência humana, mas também para o desenvolvimento socioeconômico de toda a sociedade. A exploração excessiva dos recursos naturais como água, solo, florestas, minérios, entre outros, torna-se uma preocupação com o aumento da população mundial e a necessidade de produção de alimentos e bens de consumo. O alerta é feito pelo Comitê da Bacia do Rio Urussanga no Dia da Terra, dia 22 de abril.
Os padrões de consumo e produção foram repensados recentemente por grandes líderes mundiais durante uma assembleia ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU). “Apesar de todo o progresso inspirado pelos objetivos globais, uma barreira ainda impede que eles sejam alcançados: as escolhas que fazemos em nossas vidas cotidianas continuam a alimentar hábitos de consumo e produção que cada vez mais excedem os limites do nosso planeta”, afirmou o presidente da Assembleia Ambiental da ONU de 2019, Siim Kiisler.
O Panorama Global sobre Recursos 2019, relatório da ONU Meio Ambiente, mostrou dados preocupantes. Desde 1970, a extração de recursos mais do que triplicou, sendo um aumento de cinco vezes no uso de minerais não metálicos e de 45% no uso de combustíveis fósseis. A pesquisa aponta que esses fatos contribuem com metade do total de emissões globais de gases do efeito estufa e com mais de 90% da perda da biodiversidade e do estresse hídrico.
“A extração de materiais é um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas e perda da biodiversidade — um desafio que só vai piorar a não ser que o mundo empreenda urgentemente uma reforma sistemática do uso de recursos”, salienta o especialista em mudanças climáticas da ONU Meio Ambiente, Niklas Hagelberg.
A chefe interina da ONU Meio Ambiente, Joyce Msuya salienta que é preciso transformar o modo como as economias funcionam e como valorizamos o que consumimos. Segundo ela, a meta é romper o vínculo entre crescimento e uso maior de recursos, e terminar com o descarte. “Crescemos às custas do nosso planeta. Para garantir um futuro sustentável, todos nós precisamos trabalhar juntos para transformar nossa forma de consumir e produzir”, pontua.
De acordo com a doutora em Geografia e técnica em recursos hídricos da AGUAR para o Comitê da Bacia do Rio Urussanga, Rose Adami, as ações humanas têm causado mudanças ambientais drásticas no Planeta Terra. “Muitos cientistas sugerirem um novo intervalo de tempo geológico oficial, chamado de Antropoceno, com início no final do século XVIII. Neste novo período da escala geológica ainda não oficial, a água é um dos recursos naturais mais utilizados e que mais sofre com as ações humanas, pois é utilizada de forma direta ou indireta por praticamente todos as atividades econômicas e sociais. Por isso, o futuro da água de boa qualidade está embasado em planejamento do seu uso, parcerias e/ou negociação entre os setores usuários e enfoque na educação de jovens e adultos, para o uso racional e consciente desse recurso que é um direito de todos. O Brasil, implementou uma forma de gestão de uso desse recurso discutida e pactuada de forma descentralizada e com a participação do poder público, dos usuários e da sociedade civil, por meio dos comitês de bacias hidrográficas (CBH), instituídos por lei”, explica.
Para Rose, as mudanças ligadas ao futuro da água e das próximas gerações devem ocorrer por meio da conscientização, educação e desenvolvimento de ações planejadas e concretas da sociedade como, por exemplo, reutilização e redução da demanda hídrica. “Essas ações começam no dia a dia das atividades sociais, culturais e econômicas e quando se transformam em boas práticas precisam ser multiplicadas nos diferentes meios de comunicação e mídias sociais, no intuito de serem veículos de mudanças para outros setores. Essas práticas incentivarão os atores sociais e gestores públicos a implantarem políticas públicas de incentivos a redução da demanda da água nos diferentes setores sociais. O prazo para que essas mudanças ocorram, começou ontem. Mas, o processo educativo, pode mitigar muitos dos impactos ambientais nos recursos hídricos e reduzir a sua escassez”, pontua.
Colaboração: Francine Ferreira / Comitê