Filha de Thiago de Mello prepara documentário sobre bastidores de tombamento de casas do poeta no AM
Malu Dacio – Da Revista Cenarium
MANAUS – Isabella Thiago de Mello, jornalista, cineasta e filha do poeta amazonense Thiago de Mello, está produzindo um documentário que conta os bastidores das tratativas para o tombamento estadual de imóveis do artista no município de Barreirinha, interior do Amazonas. Cinco casas do poeta estão no processo de tombamento, quatro dessas são de responsabilidade do Estado e uma ainda pertence à família.
Os detalhes foram divulgados à REVISTA CENARIUM durante programação dedicada ao aniversário de 96 anos do poeta, na tarde desta quarta-feira, 30. Isabella agradeceu aos colegas da imprensa, porque segundo ela, foi por meio de notícias e jornais, em 2013, que a família soube das ameaças de tombamento e a depredação das casas de Thiago, o que motivou ela e seu pai a tomarem providências.
“Uma semana depois, apresentamos registros e documentações sobre a importância cultural e histórica das casas para esse tombamento federal. A obra foi embargada, a casa ficou em pé e isso deu um ânimo no papai, e ele parecia um menino de novo”, disse.
“Assim que o papai partiu, em janeiro, eu me despedi dele, beijei sua mão, seu rosto e prometi que só ia sair da terra dos Manaós com o tombamento estadual feito. O tombamento federal está iniciado, chegou na última instância para aprovação com quase 10 anos no processo. O estadual é aqui e agora”, disse.
Compromisso do Governo do Estado
Isabella agradeceu o empenho do governador Wilson Lima e do secretário de Cultura Marcos Apollo em tornar a memória do poeta da floresta real por meio dos tombamentos. A jornalista explica que o tombamento estadual se faz a partir de um projeto de lei, que está sendo escrito pelo deputado Tony Medeiros (PSD).
“Estou dando assessoria jurídica para o deputado Tony Medeiros, por meio do Instituto Thiago de Mello. O processo estadual é muito parecido com o processo federal. Mas no estadual, é um projeto de lei que se aprovado na Assembleia Estadual do Amazonas, aprovada a lei, está feito o tombamento. A partir do tombamento, vem o diagnóstico, depois o restauro e por fim, é visto o destino das casas”, explica.
“A casa que é nossa, com meu irmão mais novo à frente, já está totalmente restaurada. Mas as quatro casas que são patrimônios que o papai vendeu para o governo estão abandonadas”, lembra.
Isabella vê o projeto de tombamento com bons olhos, porque, segundo ela, a partir de agora, sob gestão de Wilson Lima e Apolo, há plena consciência da importância desse patrimônio e dessas casas, para educação, para cultura e para o turismo.
“Você já imaginou uma época do boi de Parintins com turistas que estão ali, brasileiros e estrangeiros, quando souberem que estão a trinta minutos de lancha, de visitar a casa do poeta Thiago de Mello e das únicas obras do arquiteto Lúcio Costa, que é conhecido no mundo inteiro?”, questionou.
A jornalista conta que prometeu ao seu pai, que só sairia de Manaus depois do tombamento e do diagnóstico de gestão. “Eu estou me mudando para Manaus para poder realizar esse trabalho e com muita alegria. É uma alegria sentida porque o papai partiu, mas eu acredito na mortalidade da alma, eu acredito, eu vejo com as asas”, conta Isabella.