TikTok acusada de compartilhar dados pessoais de usuários: é verdade?
Atualmente não existe um brasileiro que não carregue consigo um smartphone com constante acesso à internet. Na verdade, a última década tem sido marcada pelo advento das redes sociais, principalmente entre o público mais jovem, que transformam o celular em sua principal fonte de notícias, contato com os amigos, local para paqueras e humor. Memes, humor e fotos pessoais circulam pelas redes em segundos, e todos confiamos em plataformas como Instagram e WhatsApp com um grande volume de nossas informações pessoais.
É por isso que sistemas operacionais para celulares, como o Android da Google e iOS da Apple, disponibilizam sistemas para dar ao usuário maior controle sobre seus dados pessoais. O problema é que falhas de engenharia e segurança acometem frequentemente qualquer aparelho, e agentes mal intencionados podem abusar dessas brechas para coletar dados dos usuários sem permissão – ou no caso das redes sociais, a diversão de vídeos engraçados podem nos distrair do fato de que os termos de uso e permissões do aplicativo coletam uma infinidade de dados em nosso smartphone. Esse tipo de ataque à privacidade é um grande problema nos dias atuais, fenômenos como o cyberbullying e perseguição online podem devastar vidas e são complexos de serem remediados, necessitando de muitas precauções como avisam os especialistas da ExpressVPN. Por outro lado, a invasão de privacidade realizada pelas próprias redes sociais podem manipular o resultado de eleições, violar o consentimento dos usuários, fornecer dados de espionagem entre países e até ameaçar opositores políticos.
No caso mais recente, a controversa – e popular – rede social de microvídeos, a TikTok, assustou a internet graças ao vazamento de conversas entre a empresa e auditores de segurança – além de uma pesquisa – que indicaram que o aplicativo não só coleta um grande volume de dados pessoais, mas o compartilha com funcionários e agentes governamentais.
Coleta indevida de dados pessoais
De acordo com um vazamento compartilhado com o tablóide BuzzFeed dos EUA, diversas conversas internas relacionadas ao aplicativo e suas políticas de dados revelam problemas graves de segurança, armazenamento e privacidade dos dados dos usuários: apesar da empresa ter jurado em 2021 que dados de usuários ocidentais não seriam armazenados na China, os vazamentos confirmam que ao menos 9 engenheiros do aplicativo possuem acesso aos dados e, por própria admissão, reconhecem que autoridades chinesas possuem acesso constante às informações coletadas.
Os problemas não acabam por aí, já que uma pesquisa realizada pela equipe da URL Genius rankeou o TikTok como um dos piores serviços nos quesitos de transparência e privacidade dos dados. O app compartilha os dados pessoais dos usuários, em média, com 14 outros serviços de terceiros. Este tipo de coleta de dados pode ser utilizada para realizar marketing agressivo, manipular dados, influenciar decisões eleitorais ou rastrear usuários específicos em sua navegação pela internet.
Embora a plataforma prometa que os dados sejam isolados para usuários ocidentais – e ainda possua planos para a abertura de novos escritórios e servidores nos Estados Unidos – a realidade é que a coleta indevida e abusiva de dados continua levantando a preocupação de especialistas em segurança digital.
A polêmica do TikTok
A rede social TikTok, pertencente à ByteDance, empresa chinesa de desenvolvimento de apps e mídia, cresceu consideravelmente no Brasil e em muitos outros países – em nosso país, temos mais de 74 milhões de usuários ativos, ficando em quarto lugar no ranking mundial de usuários. Com vídeos curtos, a rede é baseada em desafios e correntes virtuais, dicas e recomendações, filtros para modificar o rosto e brincadeiras online.
No entanto, com todo esse sucesso, diversas polêmicas passaram a rodear o aplicativo, que inclusive já chegou a ser banido nos Estados Unidos por um período. Entre os problemas enfrentados pelo app está a coleta de dados dos cidadãos americanos em servidores chineses, a coleta de dados de usuários menores de 13 anos mesmo contrariando as leis de privacidade digital, e a promoção de conteúdo sexualmente sugestivo contendo menores de idade.
Diversas campanhas online apontaram comportamento hostil e criminoso por parte da rede social, que chegou a acobertar e travar investigações por mais de 24 horas de escândalos de sexualização infantil dentro do aplicativo para evitar uma crise de relações públicas.
Por fim, psicólogos e neurologistas especializados no desenvolvimento infantil também questionam o impacto do vício no TikTok para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, já que crescentes linhas de pesquisa apontam que o uso do app compromete a memória, capacidade de atenção, autoestima e formação de hábitos.
Evitando o problema
Para usuários do serviço, não há muitas ferramentas realmente efetivas para evitar a coleta exagerada de informações pessoais. A recomendação é minimizar o tempo de uso do aplicativo, usar endereços de email e telefone secundários durante o cadastro, não instalar o app em todos os seus dispositivos e, para pais e responsáveis, utilizar ferramentas para controlar ou limitar o uso exagerado do aplicativo nos dispositivos de crianças e jovens.
Além disso, é importante ressaltar que os mesmos desafios relativos à privacidade online também se aplicam a outras redes sociais como o Facebook, envolvido em diversos escândalos de abuso de dados dos usuários.
As redes sociais podem nos conectar com amigos, nos manter informados e até servir como alívio para o cotidiano estressante. No entanto, precisamos tomar cuidado redobrado com nossa privacidade e segurança, pois na era da informação nossos dados pessoais podem ser extremamente valiosos – e vulneráveis. A rede social TikTok encontra-se em constante investigação por parte dos governos de países ocidentais, e é recomendável minimizar o uso do serviço enquanto maiores informações ainda não são reveladas.