Festival Dia da Consciência Negra impacta centenas de pessoas e destaca valorização da cultura preta
O Festival Dia da Consciência Negra Negra impactou mais de 500 pessoas, na última segunda-feira, 20 de novembro. A programação promoveu feira de produtos artesanais, oficina de moda, roda de capoeira e shows gratuitos contra o preconceito racial e em prol da valorização da cultura preta em Manaus (AM).
O evento foi realizado no Viaduto do Manoa, localizado na Av. Max Teixeira, bairro Cidade Nova – Zona Norte da capital amazonense. O principal destaque da programação foi a roda de conversa “Hip Hop e a valorização da cultura local”, que reuniu os artistas Lua Negra, Adriano ART 96 e Lary Go, e o historiador Sidney de Aguiar. Cada participante compartilhou suas ligações com o hip hop, um elemento cultural de extrema importância no movimento negro.
Richardson Adriano de Souza, ou Adriano Art 96, é historiador e autor do livro “Hip Hop Manaus Anos 80 – Uma Cultura de Rua e Popular”. Com mais de 15 anos e atuação, o artista defende que o hip hop segue sendo um valioso instrumento contra o racismo.
“Eu comecei em 1996, com o breakdance. Éramos como missionários do hip hop. […]. O que o hip hop faz é luta negra e lá tinha também contra o racismo. O hip hop surge desse anseio dentro dos Panteras Negras [movimento político norte-americano] que lutavam por igualdade, e o rap é a verbalização de demandas”, detalha.
Para a rapper Lary Go, o hip hop ainda segue invisibilizado e trazendo pouco reconhecimento para seus artistas. “Desde que eu era criança, gostava da cultura Hip Hop, gostava de disputas e batalhas de breakdance (dança urbana). Quando fui crescendo, participei de uma batalha de MCs [Mestres de Cerimônias]. Acho legal ser referência para quem está começando agora. O Hip Hop em si e o Norte são muito invisibilizados. Temos profissionais que estão há anos em Manaus, mas que não tem reconhecimento”, enfatiza.
Historiador e Dr. em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Sidney Barata de Aguiar, é um dos principais pesquisadores e escritores sobre a música negra, a dança e a arte gráfica do hip hop em Manaus.
“Comecei no hip hop em 1992. Antes, imaginávamos que estávamos sozinhos, que só a gente gostava daquela cultura. Aos poucos, fomos juntando uma galera e construímos a cultura hip hop em Manaus. Eu acredito que os livros abrem um horizonte. Meu primeiro contato com rap foi por meio da literatura e da poesia. As novas tecnologias de informação e comunicação [TIC] são muito importantes para o hip hop. A nova geração pode e deve utilizar para divulgar seus trabalhos”, compartilhou durante a roda de conversa.
A rapper queer manauara, Lua Negra, também defendeu um maior protagonismo de artistas pretos na cultural da capital amazonense, indo de frente à resistência social. “Podem nos ceder espaços, mas nunca vão ceder o protagonismo”, denunciou.
Outras ações
O Festival Dia da Consciência Negra também promoveu outras ações, como a Feira Preta de Empreendedorismo e Criatividade, com a venda de vários produtos; a oficina de Moda, apresentada pelo fashion designer Ramon Alada; e Live Graffiti, comandada pela artista Mia Montreal.
Também houve apresentações culturais dos grupos Maracatu Eco da Sapopema e Cauxi Eletrizado, e dos artistas DJ Magga, G13, Dom Brawn, B. Boy Roxo com breaking e Carol Chamas de Rua.
O Festival Dia da Consciência Negra foi promovido pela Associação Intercultural de Hip Hop Urbanos da Amazônia (AIHHUAM), com apoio do Instituto Nu e em parceria com o Grupo de Acesso Oficial. —
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