Anúncios de comida em videogames influenciam adolescentes, mostra estudo

Pesquisa sugere maior consumo de produtos ricos em gordura, sal e açúcar entre jovens que jogam ou assistem a transmissões online de games

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Propagandas de comida e bebida durante a transmissão de jogos de videogame em plataformas online estão relacionadasa um maior consumo de produtos ricos em gordura, sal e açúcar entre adolescentes. É o que revelauma pesquisa apresentada no Congresso Europeu de Obesidade, que aconteceu em maio, na Itália.

Pesquisadores da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, chegaram a essa conclusão após uma revisão de estudos que mostrou uma associação entre esse tipo de conteúdo e a maior preferência de jovens por esses alimentos. As pesquisas avaliadas sugerem que crianças são duas vezes mais propensas a escolher uma determinada marca ou produto quando expostas a anúncios.

Além dessa revisão, os autores também analisaram 52 horas de vídeos de influenciadores e constataram que a maioria (70,7%)das publicidades era de alimentos ricos em gordura, açúcar e sal, e muitas não vinham acompanhadas de um aviso explícito dizendo que se tratava de propaganda.

Por fim, os pesquisadores fizeram uma enquete com 490 jovens de 16 anos, em média, e observaram uma relação entre a lembrança dos anúncios e posturas favoráveis em relação a essas comidas.

“Os resultados são relevantes, pois esse é um público muito vulnerável a esse tipo de propaganda”, avalia Giuliana Modenezi, nutricionista do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Crianças que veem esses anúncios têm uma certa confiança nos influenciadores, o que vai promover que vejam isso de forma positiva, ficando mais sujeitas acomprar e consumir esses produtos.”

Embora sejam estudos observacionais, em que não se pode estabelecer uma relação de causa e efeito, os cientistas dizem que o alto nível de exposição a produtosnão saudáveis poderia levar a um consumo excessivo de calorias e consequente ganho de peso.

“É preciso proteger essas crianças e jovens pensando em aspectos como políticas públicas, trabalho de educação nutricional em escolas e vigilância dos pais e responsáveis, que devem ter maior controle e segurança do que os filhos assistem”, diz a nutricionista.

No Brasil, oGuia de Publicidade por Influenciadores Digitais,lançado em 2021 pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), orienta que “todos os envolvidos na divulgação da publicidade devem ser particularmente cuidadosos para que a identificação da natureza publicitária seja aprimorada, assegurando o reconhecimento pelas crianças e adolescentes do intento comercial, devendo ser perceptível e destacada a distinção da publicidade em relação aos demais conteúdos gerados pelo influenciador.”

Já o Guia de Boas Práticas para Publicidade Online Voltada ao Público Infantil, desenvolvido em conjunto pelo Google e o Conar, diz que se deve informarque o conteúdo se trata de publicidade. E que, independentemente da plataforma ou formato, “se houver conteúdo publicitário, a mensagem deve explicitá-lo de forma que seja compreensível para crianças e adolescentes.”Esse documento também destaca a importância da supervisão dos pais.

Fonte: Agência Einstein

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