Show “A Morena no Samba do Menino Blues” no Projeto Botequim do Sesc
Aroldo Pedrosa e Dilean Monper são compositores amapaenses vencedores de festivais pelo Brasil. Aroldo é autor das letras das canções “Heluana – há um punhado de lua em meu poema” e “Morena”. Dilean, autor das melodias dessas canções e do “Samba do Menino Blues”. São compositores parceiros que estiveram recentemente na 11ª Mostra de Música Sescanta Amapá 2014 e vão estar juntos com essas e outras canções no projeto “A Morena no Samba do Menino Blues – Aroldo Pedrosa & Dilean Monper”, a ser apresentado nesta terça-feira, 3 de fevereiro, véspera do aniversário da cidade de Macapá, no projeto Botequim, também do SESC Amapá.
O projeto é uma pequena mostra da obra em parceria dos dois compositores, assim como terá no repertório canções com outros parceiros e ainda de compositores consagrados da MPB do circuito nacional.
O espetáculo será divido em duas partes, que eles chamam de “A Bossa Nova É Foda” – primeira parte – e “O Lado B da Tropicália” (que também é foda) – segunda parte.
Quatro músicos amapaenses compõem a banda que acompanhará o Dilean na primeira parte do espetáculo: Rogério Alsan (guitarra), Robson Kosta (teclado e baixo) Hian Moreira (bateria) e Marcelo Cardoso (saxofone). Dilean faz o violão, o vocal e a direção musical da parte inicial do espetáculo. Terá convidados de peso como os cantores Val Milhomem, Júlia Medeiros, Karol Diva e Celine Guedes, entre outros. O protagonista canta “Morena” (Aroldo Pedrosa / Dilean Monper) e “Samba do Menino Blues” (Dilean Monper), que estiveram na 11ª Mostra do Sescanta Amapá deste ano e que inspiraram o produtor cultural do evento, compositor e cantor Aroldo Pedrosa, a dar nome ao espetáculo musical. “Vai ser uma noite cultural agradável e apaixonante com canções que celebram dois importantes movimentos da música popular brasileira que foram a Bossa Nova e a Tropicália”. E verdadeiros clássicos do samba-bossa-nova estão no repertório do show como – só para dar um bom exemplo – “Com que roupa”, do genial Noel Rosa que o Dilean vai cantar com a Júlia Medeiros”, enfatiza Pedrosa. As canções autorais principais como “Morena” e “Samba do Menino Blues” terão a participação da cantora Celine Guedes no vocal e “Nêga” (Aroldo Pedrosa / Dilean Monper), a interpretação blues de Hanna Paulino.
“O Lado B da Tropicália” – a parte 2 e final do espetáculo – tem a Trupe da Vanguarda como banda base e com músicos – todos amapaenses também – super talentosos que já vêm acompanhando o artista Aroldo Pedrosa ao longo de pelo menos cinco anos. São eles: Cássio Pontes (violão, vocal e direção musical), Ronilson Mendes (guitarra), Luiz Sabione (baixo), Alessandro Faz-Faz (teclado), Cássio Correa (bateria e percussão) e a participação cintilante de Thaís Oliveira no cello. A Big Band Equinócio das Águas, que produz a segunda parte musical do evento com a Trupe da Vanguarda, assina os metais e as cordas do naipe, tendo na direção o maestro e sub-tenente do Corpo de Bombeiros do Amapá Marcos Ribeiro. Em “O Lado B da Tropicália” haverá também convidados de bom quilate como os cantores Matheus Farro, Ingrid Sato, Dylan Rocha, Maria Rojanski e Mc Cabrero. A Celine Guedes também participa interpretando “Ponteio” de Edu Lobo e Capinan. Nas intervenções poéticas, o talento da atriz Ana Paula Vilhena. O multimídia Luan Santana vai projetar os vídeos nas paredes do Sesc Centro durante o show.
“O Lado B da Tropicália” não vai misturar alhos com bugalhos como algumas pessoas que não entendem pensam, mas o que a Tropicália de Caetano e Gil fizeram nos anos 1967/68 e até 1973, quando de volta do exílio londrino Caetano cantou com Odair José “Vou tirar você desse lugar”. Agora, em pleno século 21, a Trupe da Vanguarda traz para junto do super hit “Porque homem não chora”, do cantor baiano Pablo, o clássico “Meu lamento” da compositora e cantora Diana dos saudosistas anos 1970, e, ao mesmo tempo, vai mostrar a novíssima “Ela é tarja preta” que já explode nos rádios – uma lambada de muito suingue que reuniu na criação os paraenses Felipe Cordeiro, Manoel Cordeiro e Luê com o carioca titânico Arnaldo Antunes. O lado B do movimento que até hoje sacode o Brasil dos trópicos é por aí. “Canções carnavalescas tropicalistas que compus com o Cléverson Baía para alguns blocos da cidade também vão rolar no show. E vamos fechar com o inédito samba-enredo “Macapá – O Carnaval das Águas no Lugar da Chuva”, em homenagem aos 257 anos da nossa cidade querida”, finaliza o compositor e agitador cultural Aroldo Pedrosa.
E quem chegar mais cedo nesta terça-feira no Sesc Centro – o evento inicia às 20h – recebe as boas-vindas do Ginoflex Clube do Vinil, tocando, entre outros discos de vinil, o LP “Tropicália ou Panis et Circencis”, que a produção mandou buscar exclusivamente para a noite cultural que, certamente, será pra lá de especial.
Aroldo Pedrosa
Letra do samba
MACAPÁ – O CARNAVAL DAS ÁGUAS NO LUGAR DA CHUVA
Aroldo Pedrosa / Orivaldo Fonseca
Água que rola
Em nossa festa é carnaval
Às margens desse rio transcendental
(Vai se abrir!)
Vai se abrir…
Na passarela um veio de água clara
Da perna, na batata, dourada da mulata
Descendo pela fonte, aberta em chafariz
Vai banhar-se
N’água da fonte o grande rio, ó flor-de-lis!
Pra se livrar do mal em si
Despoluir…
(As águas vão rolar)
Água que rola
Em nossa festa é carnaval
Às margens desse rio transcendental
(Oi, Tucuju!)
Oi, Tucuju…
Em fins de julho sopra aquele sururu
Que vem feito uma tromba d’água
Molhando a genitália do índio Surucucu
Ei, seu guarda…
O pau na mata tá que tá que tá que é brasa
Apaga essa fornalha, derrama o H²O
E vem sambar sem dó na chuva
Que nem naquele filme “Cantando no Toró”
Na nossa escola todo mundo é bamba
Na nossa escola branco também samba
Na nossa escola só não brinca quem não quer
Na avenida a água deita e rola
Desliza nas cascatas do corpo da mulher
Macapá!
Terra querida e preciosa vem sambar
Pois água mole em pedra que é dura
Bate que pula pra cintilar
Suor ou água no corpo dessa gente
Escorre contente vendo o Carnaval chegar
Jorra água de cheiro que o povo quer cantar
Vem vem que vem molhar
Tristeza aqui não é teu lugar
Pois água regue a vida e não se canse de sambar