Síria: ONU diz que ataques a hospitais são crimes de guerra
Um porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou hoje (16) que ataques deliberados contra hospitais constituem crimes de guerra à luz do direito humanitário internacional. Ele se referia a ataques registrados ontem (15) na Síria.
“Um ataque intencional e direto contra instalações médicas ou locais ocupados por doentes e feridos, tal como contra unidades médicas com o emblema da Cruz Vermelha ou do Crescente Vermelho, é um crime de guerra num conflito armado”, disse Rupert Colville, porta-voz do gabinete de Direitos Humanos da ONU.
“Ainda não é claro que tenha sido intencional, mas o enorme número de incidentes deste tipo suscita interrogações sobre o fracasso das partes em conflito na Síria em respeitar a proteção especial que requerem os estabelecimentos médicos e o seu pessoal”, acrescentou.
Admitindo não ser ainda possível responsabilizar as forças sírias ou russas, o porta-voz considerou que, “sendo claro que os aviões sírios e russos estão muito ativos”, é preciso apelar “a todos os que lançam bombas do céu que tenham mais cuidado, porque o número de ataques contra civis é astronômico”.
“Todas as regras e normas de conduta numa guerra foram violadas na Síria. Tudo o que se possa imaginar foi violado”, disse o porta-voz, acrescentando que o aumento de ataques a unidades médicas registrado desde novembro pode sugerir uma “tática de guerra deliberada”.
O primeiro ataque contra um hospital na Síria ocorreu em 2012, cerca de um ano depois da revolta popular contra o regime de Bashar al-Assad que evoluiu para guerra civil.
Segundo uma organização humanitária síria, desde maio de 2011, pelo menos 177 hospitais ou centros médicos foram atacados e quase 700 profissionais de saúde morreram.
Dos equipamentos existentes antes da guerra, segundo a mesma organização, 58% dos hospitais e 49% dos centros de saúde fecharam ou estão funcionando parcialmente.
Na segunda-feira, ataques a hospitais em Azaz e Maraat al-Numan, no norte da Síria, deixaram quase 50 mortos, incluindo crianças, segundo números das Nações Unidas.
A organização Médicos Sem Fronteiras, que apoiava o hospital de Maraat al-Numan, confirmou o ataque, sem atribuir responsabilidades diretas.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos afirmou suspeitar que os ataques foram realizados por aviões de combate russos, depois de analisados os locais, padrões de voo e tipo de aparelhos envolvidos. A Rússia negou hoje ter bombardeado os hospitais.