Secretária diz que prefeito de Macapá sabia de irregularidades na Educação

A secretária afastada da Educação, Dalva Figueiredo, disse nesta quarta-feira (25) que o prefeito deMacapá, Clécio Luís (Rede), sabia dos pagamentos de empresas sem entrega total da compra de uniformes escolares, assim como obras feitas sem licitação pela pasta.

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Dalva Figueiredo criticou prefeito de Macapá, Clécio Luís (Foto: Abinoan Santiago/G1)

A prefeitura de Macapá informou que não vai comentar sobre a entrevista coletiva da secretária afastada.

Dalva Figueiredo saiu após denúncias sobre o pagamento de empresas sem o serviço total prestado. O caso veio a tona após representação de vereadores de oposição e da cobrança de rigor na apuração feita pelo aliado do prefeito, o senador Randolfe Rodrigues (Rede), autor da emenda dos recursos.

Uniformes teriam sido devolvidos a mando do
prefeito (Foto: Abinoan Santiago/G1)
O pagamento de pelo menos R$ 689 mil pela compra de 37 mil peças de roupas supostamente não entregues está sendo analisado pelo Ministério Público Federal (MPF) e Corregedoria-Geral do Município (Corgem).

Na entrevista, Dalva Figueiredo reafirmou que os uniformes começaram a ser entregues em fevereiro pelas empresas, mesmo mês que os pagamentos passaram a ser efetuados, mas que tiveram que retornar às fabricantes por causa de falhas na confecção. A medida de devolver as roupas teria sido tomada pelo próprio prefeito.

“É claro que o prefeito não determina o que o secretário tinha que pagar ou não. Mas ele sabia e foi ele que descobriu. No Congresso do Povo fizemos uma exposição de tudo, dos uniformes e das lousas digitais, que são de emendas. Quando o prefeito viu, ele detectou que estava borrado, nesse momento ele disse pra mim ‘não esse uniforme não foi autorizado’. Aí eu fui buscar um email da Comunicação para a professora Antônia [ex-secretária de Educação] mostrando aquele modelo. (…) Não teve dolo e os empresários entregaram documentos se comprometendo em entregar em vinte dias os uniformes”, disse a secretária afastada.

Prefeito Clécio nomeou Dalva Figueiredo em 2015
(Foto: Jorge Abreu/G1)
Dalva ainda afirmou que ao chegar na secretaria em setembro de 2015 foram identificadas várias irregularidades. Elas estavam sob ciência do prefeito, a exemplo da reforma da escola Pratinha, no distrito de São Joaquim do Pacuí, que teria sido feita sem licitação, além de contratos de aluguéis considerados altos.

“Entre abrir auditoria e regularizar, eu regularizei. Quando a controladora chegou a pedir auditoria para 2016 eu falei: ‘Não. Agora terá que incluir 2013, 2014 e 2015’. Por que não foi pedida auditoria da construção da escola Pratinha? A empresa recebeu R$ 94 mil sem licitação e não teve auditoria. O processo estava todo falho. (…) Todos os pagamentos tinham problemas, aí foi quando eu reclamei com ele [prefeito]. Ele respondeu que não havia necessidade da minha reclamação. Claro que o prefeito sabe”, garantiu.

Dalva assumiu a pasta em 4 de setembro de 2015. Na cerimônia de posse, Clécio chegou a não querer comentar se os motivos das trocas seriam políticos. “A mudança na secretaria cabe a mim. Só isso”, declarou à época, após ter nomeado Dalva (Educação), Marcos Roberto (Desenvolvimento Urbano) e Manoel Barcelar (Manutenção Urbanística), todos do PT.

Com o afastamento, o secretário de Planejamento, Paulo Mendes, vai acumular o cargo na Educação, que ficará sob intervenção até o fim da investigação sobre o pagamento dos uniformes escolares não entregues pelas empresas contratadas.

Abinoan Santiago/G1 Amapá

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