Junho Vermelho chama a atenção para a importância de doar sangue

Flávia Ivo

Um mês, uma cor e uma questão ligada à saúde em destaque. Em junho, há três anos, foi eleito o vermelho, para lembrar a população da importância da doação de sangue.

A escolha não foi por acaso, já que em 14 de junho celebra-se o Dia Mundial do Doador de Sangue – data estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2004.

Além disso, o Junho Vermelho, para o Brasil, tem ainda mais relevância.

Neste período do ano, o país experimenta a queda das temperaturas e, em seguida, as férias, que provocam uma baixa de comparecimento de doadores: os estoques de sangue caem, em média, 30%.

“Esses fatores vêm junto ao aumento de pessoas resfriadas e à época do ano em que a vacinação contra a gripe é disponibilizada pelo governo. Todo o conjunto favorece a redução do nosso banco”, destaca a responsável pelo setor de captação do Hemocentro de Belo Horizonte (Fundação Hemominas), Hellen Heloiza Dupim.

Consequência

Qualquer queda em um banco de sangue pode provocar um desequilíbrio no fluxo de funcionamento dos hospitais, por exemplo. “Quando um paciente dá entrada em um hospital, sendo para uma cirurgia eletiva ou para um procedimento de urgência, nós não sabemos se ele precisará de sangue e, se sim, o quanto será. Para isso, não há previsibilidade. O banco de sangue deve sempre estar abastecido para servir à emergência”, observa a médica intensivista da Unimed-BH, Maria Aparecida Braga.

É possível, também, que na época de férias aumentem os acidentes nas estradas e as unidades de saúde necessitem de maior estoque de sangue, colaborando ainda mais para um cenário desfavorável. “É comum crescer a demanda”, conta Hellen Dupim.

Dados fornecidos na última sexta-feira pela Fundação Hemominas mostram que os estoques estratégicos – calculados pela amostragem das demandas anteriores – ainda estão positivos em 16%.

No entanto, os tipos com fator RH negativo, que são os mais raros, estão em baixa. De forma significativa, o tipo O negativo, doador universal, com 30% menos em estoque. Já o AB negativo está 2% abaixo do esperado. Em geral, os negativos registram queda de 23% no Hemocentro de Belo Horizonte.

Consciência

As campanhas são necessárias, mas ainda não são suficientes, é o que consideram as especialistas.

“Acredito ser por uma questão cultural mesmo. Em um país em que vivemos tantos problemas e temos uma falta de educação generalizada, tomar a iniciativa para doar sangue acaba ficando para depois. As pessoas precisam criar a consciência da importância da doação de sangue”, coloca Maria Aparecida Braga.

Já para Hellen Dupim, da Hemominas, a falta de informação da população é um dos principais entraves a serem vencidos. “O sangue não pode ser substituído por nenhuma medicação. Ele só é obtido pela doação, não existe outra forma. Pessoas precisam dele todos os dias, então precisamos de doações todos os dias”, observa.

Condições

– Para doar sangue, o candidato deverá estar alimentado. Se for doar pela manhã, uma refeição sem gorduras. Após almoço ou jantar, deve-se aguardar três horas

– O candidato à doação deve comparecer em condições plenas de saúde. Se estiver apresentando qualquer sintoma, mesmo que leve, deverá aguardar a melhora

– Frequência cardíaca e pulso devem estar regulares e serem analisados pelo médico. A pressão arterial é aferida no momento da doação, assim como a temperatura, que não poderá exceder 37°C

– Podem doar sangue pessoas entre 16 e 69 anos e com mais de 50 quilos. Idosos somente poderão doar caso já tenham realizado uma doação antes dos 60 anos e devem respeitar o intervalo de seis meses entre elas

– O candidato deve ter dormido, pelo menos, quatro horas, sentindo-se descansado no momento da doação

Hoje em dia

O que você pensa sobre este artigo?

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.