Chefe da NASA diz não ter dinheiro para mandar humanos para Marte

FOTO: NASA/AUBREY GEMIGNANI)

Não é nenhuma novidade que a NASA planeja enviar humanos a Marte na década de 2030: aqui mesmo na GALILEU falamos sobre isso o tempo todo. Mas o que nem sempre se pergunta é se, por trás de toda a propaganda da tal “Jornada para Marte” de que a NASA tanto fala, existe alguma garantia concreta de que ela realmente conseguirá pisar em solo marciano daqui a duas décadas. E parece que não há nenhuma razão para otimismo.

A suspeita de que a agência não possui os recursos necessários para preencher as lacunas técnicas para uma missão humana em Marte ganhou fôlego nesta quarta-feira (12), depois de uma declaração nada animadora do chefe da divisão de voos tripulados da NASA, William H. Gerstenmaier. Durante uma conferência aeroespacial, ele deu a entender que a grana está tão curta que o projeto de mandar astronautas a Marte pode se tornar inviável.

“Eu não posso estimar uma data a respeito de humanos em Marte, nós não temos os sistemas de superfície disponíveis”, disse. Com o aumento tímido de 2% no orçamento da agência, o que mal cobre a inflação, não está dando para fazer muita coisa. A situação piorou porque, nos últimos anos, boa parte da verba foi destinada aos projetos do SLS, maior foguete da história, e da cápsula Orion — pensados justamente para levar pessoas a Marte.

Tudo isso comprometeu o desenvolvimento dos complexos sistemas e veículos necessários para entrar e pousar em Marte, sem contar toda a parte dos módulos habitacionais em solo e também o mecanismo para decolar do planeta vermelho, quando for hora de voltar para casa. A declaração de Gerstenmaier está dando o que falar pois foi a primeira vez que alguém da agência se pronuncia em público neste tom, na contramão da propaganda oficial.

Durante sua fala, o diretor também flertou com a possibilidade de uma retomada do programa lunar da NASA. Sabe aquele ditado “quem não tem Marte caça com a Lua”? É meio isso. A ideia seria construir uma espécie de entreposto em órbita ou em solo lunar para facilitar uma exploração extensiva da superfície. O problema é que, do jeito que as coisas estão indo, talvez nem isso a NASA consiga fazer. Pelo menos não sozinha.

O motivo é simples: cada lançamento do monstruoso e descartável SLS vai custar em torno de US$ 1 bilhão. Então só será possível colocar o bichão para voar uma ou duas vezes por ano. E assim não tem como construir uma base na Lua. A saída seria estreitar os laços com a iniciativa privada, contando com o apoio de empresas espaciais como a SpaceX, Boeing e Blue Origin. Mas e Marte, como fica? Bem, contamos com você, Elon Musk.

(Via Arstechnica)

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