Relatos revelam descaso com a população indígena no Acre
Caciques falam em vídeo da falta de infraestrutura e das doenças que têm vitimado crianças das tribos
Por Ivanir Ferreira
Embora tenham ocorrido avanços nos direitos dos povos indígenas, as condições de saúde vividas por eles ainda são bastante precárias no Norte do País. É o que mostram os resultados de uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, que traz depoimentos de lideranças indígenas do Estado do Acre.
Para o jornalista, cineasta e autor da pesquisa Valdir Baptista, que registrou depoimentos em vídeos, os problemas enfrentados pelos indígenas naquela região são de toda ordem. Vão desde o saneamento básico, higiene, segurança alimentar e falta de água potável até dificuldades logísticas de socorro às populações isoladas na floresta, dentre outros. “O descaso é generalizado”, afirma Baptista, que é professor de Comunicação das Faculdades Integradas Alcântara Machado (Fiam).
A coleta de dados foi realizada em 2012 e revelou a situação de negligência das autoridades públicas ante a situação vivida pelos povos indígenas naquela região. Quatro caciques das etnias Huni Kuin, Katukina do Acre e Kuntanawa – esta última quase extinta durante os massacres do ciclo da borracha na região – gravaram seus relatos, alguns destes, inclusive, envolvendo a morte de seus próprios familiares. O resgate da etnia Kuntanawa se deu a partir de memórias das mulheres indígenas que escaparam do genocídio e se casaram com seringueiros.