Pesquisadores explicam como onças-pintadas sobrevivem em florestas alagadas da Amazônia
Conclusões fazem parte de um estudo internacional que identificou o genoma do maior felino americano e permitiu entender a evolução da espécie
Por João Cunha* – O Instituto Mamirauá é parceiro na pesquisa e forneceu dados genéticos de onças-pintadas que vivem nas florestas alagadas da Amazônia
Uma equipe internacional de instituições científicas conseguiu decodificar o genoma da onça-pintada e do leopardo.
O trabalho consumiu mais de 15 anos de investigação da ecologia de felinos na Amazônia Central.
O Instituto Mamirauá contribuiu com dados genéticos de onças-pintadas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no estado do Amazonas.
A pesquisa foi publicada na edição de julho da revista científica Science Advances.
“Com a decodificação do genoma da onça-pintada, foi possível descobrir aspectos sobre a interação da onça com outras espécies de felinos, que, ao longo de milhões de anos, deram vigor à espécie”, afirma Emiliano Ramalho, líder do Grupo de Pesquisa Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia do Instituto Mamirauá e co-autor do artigo.
Decifrando o genoma
O material genético da onça-pintada para a análise foi extraído de um macho da espécie, resgatado ainda filhote no Pantanal e que vivia no Zoológico Municipal de Sorocaba (SP). Feita a decodificação, os pesquisadores compararam os genomas da onça-pintada e do leopardo com os das outras espécies do gênero Panthera, que abrange também leões, leopardos-das-neves e tigres.
Foi possível então estimar o tempo de separação entre as espécies na “árvore” evolutiva. Com base nos dados, calcula-se que o grupo de felinos que originou as onças se separou dos felinos ancestrais dos leões e leopardos há aproximadamente 3,5 milhões de anos.
Cruzamentos “recentes”
Mas a análise de DNA aponta que, mesmo depois da separação, membros de espécies diferentes continuaram cruzando entre si. De acordo com os cientistas, a sobrevivência é uma das respostas para esse comportamento. Durante a Era do Gelo, na época do Pleistoceno, as mudanças climáticas e a falta de presas causaram uma redução considerável na população de felinos.
Veja a íntegra no Estado de Minas