Professores youtubers: conheça os canais que democratizam a educação
Edutubers estão usando a internet para levar educação de qualidade a milhões de brasileiros — enquanto especialistas discutem como tornar as escolas mais tecnológicas
ANDRÉ JORGE DE OLIVEIRA E GIULIANA VIGGIANO
Desde criança, duas coisas estiveram claras na cabeça de Paulo: amava os seres vivos e queria ser professor. Só não imaginava o rumo que a carreira tomaria. Formado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina, lecionou por dez anos em cursinhos e colégios, até perceber que algo estava errado. “Os alunos estavam dispersos por conta dos smartphones que surgiam”, lembra. “Minhas aulas não funcionavam mais.”
Foi demitido da escola em que trabalhava após dar uma bronca em alunos bagunceiros. De tão desanimado, considerou seriamente parar de vez com as aulas. Mas aí teve uma sacada. Percebeu que a tecnologia não era inimiga do ensino, pelo contrário. Ficou claro que tinha potencial de ser sua maior aliada. No fim de 2011, gravou algumas aulas e postou os vídeos na internet — deu tão certo que acabou trocando a sala de aula pelo YouTube. Hoje, todos o conhecem como Professor Jubilut, do Biologia Total, canal com mais de um milhão de inscritos.
O projeto cresceu e se tornou uma plataforma de estudos completa, com site próprio e cursos exclusivos, cujas mensalidades partem de R$ 17. “Hoje somos uma empresa de 25 funcionários, fizemos vídeos na África para explicar sobre os animais de lá”, conta o edutuber (como são apelidados os youtubers de educação). Jubilut é tão querido pela moçada que tem um fandom: os JubiAlunos. Nunca perdem uma JubiAula.
Além do Biologia Total, outros também extrapolaram os limites do YouTube — a maioria dos edutubers busca usar os canais para alavancar as próprias plataformas de ensino, onde conseguem ganhar mais com o conteúdo. Eles lucram, e os estudantes gastam menos que em cursinhos convencionais. Essa economia foi fundamental para Jhosen Congeta, de 27 anos, que cursa o primeiro ano de medicina na USP de Ribeirão Preto.
O objetivo de se tornar médico parecia um sonho distante para o jovem de infância pobre, nascido e criado em Belo Horizonte (MG). Estudou a vida toda em escolas públicas e não chegou a concluir o ensino médio: ele obteve o certificado de conclusão através do Enem. Mas Jhosen estava determinado a não desistir.
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