Cruzeiros marítimos X fluviais: qual é a diferença?
As particularidades dessas duas formas de navegar vão muito além da água doce ou salgada
Adriana Setti
A diferença mais elementar entre esses dois tipos de viagem todo mundo sabe. Mas as particularidades dos cruzeiros fluviais e marítimos vão bem a além da questão rio X mar. Em abril, emendei um cruzeiro pelo Danúbio em outro pelo Mediterrâneo com poucos dias de intervalo. Isso me permitiu formar ideias bem claras sobre essas duas formas tão distintas de navegar. Aqui vão minhas conclusões, que podem ser úteis para você decidir em qual embarcar:
Dimensões
Para atracar em um píer de rio e passar por eclusas (entre muitas outras questões logísticas), os barcos utilizados para cruzeiros fluviais são muito menores do que os transatlânticos. Enquanto há navios de cruzeiro marítimo com capacidade para mais de 6 mil pessoas, os de água doce raramente levam mais de 150 passageiros. E se espaço costuma sobrar dentro dos mastodontes dos mares, nos fluviais cada metro quadrado conta. Isso se reflete nas dimensões das cabines, na altura do teto e no tamanho de instalações como, por exemplo, a academia e o spa (que podem ser compactos, minúsculos ou inexistentes).
Logística
O que falta em porte sobra em agilidade aos barcos de rio, já que eles podem encostar em piers pequenos e atingir destinos muito mais intimistas, de vilarejos na Amazônia a cidadezinhas medievais na Europa. No cruzeiro que fiz pelo Danúbio, por exemplo, o magnífico SS Maria Theresa ancorou em pleno centro de Budapeste e de cara para o gol em micro povoados da Áustria. Minutos depois do atraque, já era possível desembarcar sem nenhuma burocracia e era preciso estar no barco somente 15 minutos antes da partida. Isso permite que você dê uma volta na cidade, volte para almoçar ou tomar um café, saia de novo… Ainda que não seja raro parar em duas ou mais cidades no mesmo dia, a sensação é a de que a viagem flui em um ritmo suave.
Já os marítimos, precisam de portos grandes para jogar a âncora – e eles nem sempre ficam super próximos das atrações da cidade em questão. Fora isso, os processos de embarque/desembarque são verdadeiras operações de guerra, que exigem seguir uma ordem determinada e certo planejamento prévio. Em geral, é obrigatório estar a bordo pelo menos meia hora antes da partida (às vezes, é preciso chegar uma ou duas horas antes, dependendo do porto). Esse esquema não permite tanta liberdade de ir e vir.
Atmosfera
A diferença de tamanho também influi na atmosfera dentro do barco. Com bem menos gente a bordo, os cruzeiros fluviais tendem a ser mais intimistas. Depois de poucos dias, o staff já sabe o nome de grande parte dos passageiros (e vice-versa), que também acabam se enturmando entre si. No final da viagem, todas os rostos a bordo parecem familiares.
Nos grandes cruzeiros marítimos, por outro lado, a sensação é a de ser mais um na multidão. Para quem preza a privacidade e não está afim de interação, é mais fácil manter esse isolamento voluntário dentro de um navio grande, por incrível que pareça.
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