Auxílio emergencial: “aglomerações na Caixa viraram problema de saúde pública”

Presidente da Fenae e representante dos empregados no Conselho de Administração do banco defendem campanhas efetivas de esclarecimento à população, descentralização do atendimento para outras instituições, distribuição de máscaras e garantia de equipamentos de proteção individual

Apesar de o auxílio emergencial de R$ 600 poder ser sacado em caixas eletrônicos e também nas lotéricas — sem a necessidade de ida até as agências — longas filas e aglomerações voltaram a se repetir em unidades da Caixa Econômica Federal por todo o país, nesta segunda-feira (27), primeiro dia de liberação do saque do benefício. Para a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, as aglomerações nas agências tornaram problema de saúde pública.

“É resultado do descaso desse governo com a população. Essas pessoas, milhões no país, vão se contaminar. Não é só problema social, é de saúde pública”, afirma Serrano. “O governo deveria, no mínimo, distribuir máscaras e descentralizar o atendimento para outras instituições”, acrescenta a conselheira.

O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, voltou a cobrar da direção do banco e do governo campanhas para orientar melhor a população. “Campanhas de esclarecimento são fundamentais”, defende. “Nós estamos preocupados com as longas filas nas unidades do banco por todo o país. Precisamos preservar a saúde e a vida da população e dos bancários”, completa Jair Ferreira.

SAQUE — O auxílio emergencial foi depositado em poupanças digitais para pessoas que não recebem Bolsa Família ou não possuem conta na Caixa ou em outro banco. A liberação do saque — que pode ser feito em caixas eletrônicos e lotéricas — está ocorrendo conforme um calendário, que vai até 5 de maio, e é definido pela data de nascimento do beneficiário.

Apesar disso, houve hoje (27) uma verdadeira corrida às unidades da Caixa, que começou ainda de madrugada. No Rio de Janeiro, pessoas dormiram em filas nas calçadas de agências. Já em algumas capitais do Nordeste, como Natal, Recife e Salvador, dezenas de pessoas encararam fortes chuvas e alagamentos em busca do pagamento ou informações sobre o auxílio emergencial.  Filas extensas foram registradas também em agências da Caixa em Aracaju, Brasília, Florianópolis, Goiânia, Macapá, Manaus, Porto Alegre e São Paulo.

Rita Serrano esteve nesta segunda-feira na agência da Caixa na Vila Luzita, em Santo André (SP), que está entre as três com maior demanda na região do Grande ABC. Ela constatou grande número de atendimentos, poucos empregados e uma imensa fila, colocando em risco a saúde de bancários e da população, além da falta de equipamentos de proteção individual (EPIs).

CALENDÁRIO — A partir desta segunda-feira, a Caixa Econômica Federal está liberando os saques em dinheiro para os trabalhadores que estão recebendo o auxílio emergencial de R$ 600 por meio da Poupança Digital do banco, nascidos em janeiro e fevereiro.

Até agora, essas pessoas somente podiam movimentar as contas por meio do aplicativo Caixa Tem (pagamentos e transferências), sem a possibilidade de retirada em espécie.

A Fenae volta a alertar que, para sacar o dinheiro, não é preciso ir às agências da Caixa. Basta gerar um código por meio do aplicativo Caixa Tem. Esse código libera a retirada em caixa eletrônico e também nas lotéricas.

Com o objetivo de evitar aglomerações nas agências e nas unidades lotéricas, o saque em dinheiro será liberado de forma escalonada, seguindo o mês de aniversário do beneficiário. Amanhã (28), receberão nascidos em março e abril; quarta-feira (29), os nascidos em maio e junho; quinta-feira (30), os nascidos em julho e agosto; segunda-feira (4), os nascidos em setembro e outubro; e na terça-feira (5), os nascidos em novembro e dezembro.

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