Xuxa revela a terrível realidade de fazendas de porcos no Brasil

Apresentadora narra as imagens de investigação da Mercy For Animals e pede pelo fim das fazendas industriais; vídeo mostra realidade a que são submetidos animais na indústria alimentícia do país

São Paulo, 25 de junho de 2020 – A apresentadora Xuxa Meneghel compartilhou na noite desta quinta-feira, 25 de junho, um vídeo narrado por ela, que revela a terrível realidade de uma fazenda de criação de porcos no Brasil. O alerta da apresentadora conta com imagens obtidas graças a uma investigação da Mercy For Animals (MFA), a primeira feita com drones em uma fazenda industrial de porcos brasileira, que descobriu animais sendo agredidos com bastões e recebendo dolorosos choques elétricos. Escolhida aleatoriamente para monitoramento com drones pela Mercy For Animals, a fazenda fica localizada em Minas Gerais, região Sudeste do Brasil. O vídeo já recebeu mais de 600 mil visualizações e foi compartilhado por celebridades como Evandro Mesquita, Laura Neiva, Sergio Marone, Ellen Jabour, Luisa Mell e Mel Lisboa, além de Sasha e Junno.

A investigação revela as cenas descritas a seguir:
●   Porcos recebendo dolorosos choques elétricos
●   Animais sendo repetidamente agredidos com bastões
● Porcos sendo forçados a caminhar na direção de espaços extremamente apertados

●   Um cano despejando, em uma enorme fossa a céu aberto, centenas de litros de dejetos de animais a cada segundo
“Cabe a cada um de nós ajudar a mudar essa realidade, escolhendo uma alimentação livre de sofrimento animal. Se você também quer que imagens como essas sejam coisas do passado, peça pelo fim das fazendas industriais”, disse Xuxa no vídeo.

Desde janeiro de 2018, Xuxa e o marido, Junno Andrade, decidiram se tornar adeptos do veganismo. Desde a adolescência, a apresentadora já havia retirado carne vermelha, frango e ovos do cardápio, mas agora só consome produtos que não tenham ingredientes de origem animal.

Apesar de duras e difíceis de ver, as imagens revelam ações recorrentes na indústria alimentícia brasileira. No Brasil, os padrões da indústria permitem o extremo sofrimento animal, inclusive com emprego de diversas práticas proibidas em vários países em todo o mundo. De acordo com o IBGE,  em 2019 mais de 46 milhões de porcos foram mortos no Brasil.

“Esse não é um caso isolado, infelizmente. Não é uma questão de uma única fazenda de porcos que não se enquadra nos padrões da indústria. A MFA já realizou mais de 75 investigações secretas e, em todas as ocasiões, documentamos situações chocantes. Essa é uma questão de que os próprios padrões da indústria permitem o extremo sofrimento animal”, afirma Sandra Lopes, diretora-executiva da Mercy For Animals no Brasil. “É por isso que trabalhamos para acabar com as piores práticas realizadas nas fazendas de porcos, incluindo o uso de choque elétrico, o confinamento de porcas em celas de gestação tão pequenas que elas mal podem se movimentar e as terríveis mutilações de filhotes sem anestesia”.

O Brasil é o quarto maior produtor de carne de porco do mundo, exportando 19% de sua produção, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal. De acordo com números do USDA — departamento de agricultura dos Estados Unidos, o país representa 8,1% das exportações mundiais, sendo também o quarto maior exportador global. Segundo dados da EMBRAPA, Santa Catarina é atualmente o estado que mais abate porcos no Brasil (27,1%), seguido do Paraná (20,4%), Rio Grande do Sul (18,4%), e Minas Gerais (12,1%). Estima-se que aproximadamente 80% das porcas reprodutoras no Brasil são mantidas em celas individuais de gestação durante a maior parte de suas vidas. Tal prática é tão inaceitável que essas celas já foram banidas em 10 estados dos EUA, no Canadá, na Nova Zelândia, na Austrália e em toda a União Europeia.

Oportunidade para mudança
Um ponto de esperança neste cenário é que os consumidores brasileiros estão exigindo mudanças. Uma recente pesquisa realizada pela IPSOS no Brasil mostrou que mais de 80% dos entrevistados concordam que restaurantes e supermercados deveriam parar de oferecer produtos que dependam de crueldade animal.

Consequências ambientais
De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), a agropecuária é uma fonte primária de poluição da água, uma vez que provoca o escoamento de estrume e resíduos de animais, o que contamina águas de superfície e subterrâneas com nitrogênio e fósforo, criando “zonas mortas” sem oxigênio em águas interiores e costeiras. As fazendas industriais podem gerar de 2.800 toneladas até mais de 1,6 milhão de toneladas de esterco por ano, dependendo das espécies e da quantidade de animais existentes em cada uma delas. Um estudo da EPA de 2008-2009 descobriu que mais de 40% da extensão dos rios dos EUA tinham níveis excessivos desses elementos. Estudos apontam que a criação de animais para consumo representa, globalmente, 14,5% das emissões de gases de efeito estufa induzidas pelo homem.

Riscos de saúde pública

Os animais ditos de criação podem carregar patógenos transmissíveis para o homem. A “doença da vaca louca”, ou encefalopatia espongiforme bovina, resultou na morte de 4,4 milhões de bovinos no Reino Unido para impedir a transmissão da doença às pessoas. A pandemia de gripe H1N1 de 2009 infectou 60,8 milhões de pessoas nos Estados Unidos, matando 12.469 delas. Os cientistas acreditam que o vírus H1N1 se originou em porcos. A gripe aviária, que se espalha rapidamente em galinhas, continua a sofrer mutações.

A Mercy For Animals já realizou mais de 77 investigações em todo o mundo, sendo 14 com utilização de drones. Essa é a terceira investigação com uso de drones no Brasil e a primeira em uma fazenda industrial de porcos.

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