Momento Espírita: Compartilhar a cruz
Entre Alexandria e Cartago, no norte da África, havia uma cidade chamada Cirene.
Estima-se que ela chegou a ser um centro intelectual e, em seu auge, alcançou uma população de cem mil habitantes.
Dentre eles, um se destacou, de forma especial: Simão.
Embora os relatos bíblicos não detalhem a figura desse cireneu, é certo que, durante a via dolorosa de Jesus, ele estava em Jerusalém.
E desempenhou nobre papel: ajudou o Cristo a carregar Sua cruz.
Naquele vergonhoso dia, ele cruzou com a comitiva que se destinava ao Gólgota, o monte da crucificação.
Era comum que o condenado carregasse sua cruz até o local onde deveria ser executada a sentença de morte. No entanto, Jesus, alquebrado pelos açoites, pelo espancamento e pela coroa de espinhos que recebera, estava muito debilitado.
Em certa etapa do caminho, as forças se esgotaram e ele caiu, sob o peso do madeiro, que levava aos ombros. Os soldados temeram que o condenado não conseguisse chegar até o Calvário.
Por isso, amparados pela lei vigente, obrigaram Simão a carregar o madeiro pelo restante do caminho.
Pouco sabemos sobre esse homem. Os Evangelistas Marcos, Mateus e Lucas narram alguns detalhes. Ele tinha dois filhos, Alexandre e Rufo.
Não se tem informações precisas do que lhe aconteceu depois. Todavia, ele passou para a História como aquele que carregou a cruz de Jesus.
A província romana de Cirene deu alguns filhos ilustres ao mundo.
Mas, nenhum deles conseguiu a recompensa que aquele anônimo trabalhador alcançou, ao cooperar com Jesus Cristo, sem sequer conhecê-lO, naqueles momentos de testemunho e de definição muito graves.
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Esse episódio nos enseja diversas e profundas reflexões.
Sem qualquer projeção social, sem esperar transpor o caminho de sofrimento de Jesus, Simão compartilhou de Suas dores, de Suas angústias, fez-se verdadeiro servo, dividindo com o Mestre o peso da cruz.
Sermos servos é o que nos torna verdadeiros cristãos.
Assim como o cireneu, de acordo com nossas possibilidades, podemos auxiliar o próximo a carregar a cruz que lhe cabe. Para tal, a caridade, a benevolência, o amor.
Coloquemo-nos à disposição. Agindo pelas vias do bem, doando-nos, podemos nos tornar instrumento da Presença Divina na existência de nossos irmãos.
Também, a exemplo de Jesus, quando as forças nos faltarem, reconheçamos naquele que nos estende a mão o agir de Deus que jamais nos nega auxílio, que nunca nos deixa sem resposta.
Ora agindo como o Cristo, ora como o cireneu, somos todos instrumentos do poder divino, que é conosco em todas as esferas da vida, amparando-nos e envolvendo-nos com sua misericórdia, justiça e bondade.
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Todos temos nosso Calvário, nossas dores, que nos direcionam para a perfeição, para a luz.
Nesse caminho, no entanto, jamais caminhamos sós.
Precisamos uns dos outros e a caridade, virtude que nos permite compartilhar as cruzes que todos carregamos, é a rota segura para chegarmos ao destino.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com
transcrição de frases do cap. 9, do livro Vida e
Mensagem, pelo Espírito Francisco de Paula Vítor,
psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 24.8.2020,