Sem falar em números, governador do Pará anuncia doses ‘extras’ de vacina contra Covid-19

Rômulo D’Castro – Da Revista Cenarium

O Pará vai adquirir doses extras da vacina da Pfizer para imunizar crianças de 5 a 11 anos. A promessa é do próprio governador Helder Barbalho (MDB), que usou as redes sociais para fazer o anúncio. 

No vídeo de um minuto, o governador disse, ainda, que o Pará foi o Estado que mais adquiriu vacinas contra a Covid-19 no País. 

Nas duas afirmações, no entanto, Helder Barbalho não divulgou quantas doses de vacina para crianças de 5 a 11 anos o Estado pretende comprar e o que seriam as doses “extras”, aquelas além das que serão enviadas pelo Ministério da Saúde. 

Helder também não informou quantas vacinas o Pará adquiriu desde o início da pandemia, o que justificaria a outra afirmação do governador, de que o Estado teria sido o que mais investiu na compra de vacinas.

Estado negacionista

Até o fim de dezembro, um levantamento da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) mostrou que pouco mais de 5 milhões e 400 mil pessoas tomaram a primeira dose; 3,5 milhões a segunda dose; e apenas 330 mil a terceira dose (reforço).

“É fundamental que você que tomou a primeira dose vá ao posto para tomar a segunda dose e depois a terceira dose”, pediu o governador durante anúncio da obrigatoriedade do passaporte da vacina.

De acordo com o governo, mais de um milhão de doses de vacina foram compradas pelo Estado, mas os números mostram que falta interesse do paraense pela continuidade da imunização, como é possível observar nos dados oficiais. A queda foi de quase 50% da primeira para a segunda dose.

Xingu e Tapajós em situação crítica

Durante o pronunciamento oficial, Helder Barbalho falou sobre as regiões com situação mais crítica no Pará. São elas: Araguaia, Baixo Amazonas, Caetés, Tapajós e Xingu. “Na região do Tapajós, mais de 50% da população sequer tomou a primeira dose”, alertou o governador na ocasião. 

Polêmica nacional

Depois de criticar a Anvisa, o governo anunciou, nesta semana, a vacinação em crianças. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou a imunização de pessoas de 5 a 11 anos em conferência pública transmitida pela internet. 

Desde 16 de dezembro, data da aprovação, a Anvisa tem sido perseguido pelo governo federal. 

Entre as tentativas de intimidação, o presidente Jair Bolsonaro ameaçou divulgar nomes de pesquisadores envolvidos nos estudos que confirmaram a eficácia do imunizante. 

As vacinas devem começar a ser distribuídas pelo Ministério da Saúde no início da segunda quinzena deste mês. O governo ainda não explicou como será feita a divisão entre estados.

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